A JOGAR FORA - Jaime Cancella de Abreu
Corpo do artigo
1 - Dos 12 troféus de campeão em disputa (futebol, mais as cinco principais modalidades de pavilhão, em masculinos e femininos), 8 foram embelezar as prateleiras do Museu Cosme Damião. E se, depois, olharmos às várias taças (Portugal, 6 em 12; Liga, 5 em 9; Supertaça, 7 em 12), vemos que o panorama foi igualmente esmagador. Parabéns, Benfica!
2 - Pepe, 40 anos e 45 jogos em 2022/23, é um exemplo de profissionalismo e longevidade. Di María, 35 anos, campeão do Mundo e 48 jogos na época, é um jogador no ocaso da carreira, carregado de lesões, que o Benfica está em vias de cometer a loucura de contratar. Bom regresso a casa, Angelito!
3 - No defeso de 2020, com o regresso de Jesus e as contratações, entre outros, de Otamendi, Vertonghen, Cebolinha e Darwin, muitos benfiquistas - estranhamente, alguns dentro do clube - caíram na armadilha de considerarem o Benfica campeão antecipado. Este ano a narrativa montada pelos "cartilheiros" adversários vai no mesmo sentido, pelo que lembro todos os meus gloriosos companheiros que o pernicioso clima de "já ganhou" é o caminho mais certo e rápido para chegarmos ao drama do "já perdeu".
4 - Vai longa a série de campeões da Youth League de saída do Benfica pelos próprios pés. O futuro próximo nos dirá se foi incompetência da nossa gestão ou se Martim Neto, Diego Moreira e Cher Ndour vão juntar o nome à extensa lista de jovens vítimas da ganância dos pais e empresários.
5 - Conheço todos os estádios da I Liga como simples adepto: as anacrónicas acessibilidades, os obstáculos para neles entrar, o desconforto das bancadas, o livre arbítrio de clubes e autoridades quanto aos adereços que se podem ou não usar, os apuros para em alguns deles conseguir ver - imagine-se! - o relvado todo, as esperas sem regra nem lógica para a saída no final dos jogos, em suma, tudo. E constato um indecoroso contraste terceiro-mundista: enquanto os dirigentes se rodeiam de luxos asiáticos, os adeptos amolam nas piores das condições.
6 - Tomo conhecimento de que a FPF propõe entregar a gestão da arbitragem, como há muito defendo, a uma entidade independente. Não obstante, cabem aqui três (ingénuas) perguntas: Fernando Gomes precisou de 13 anos para chegar à conclusão de que a nossa arbitragem está mal e não se recomenda? Ou está, só agora, disposto a abrir mão desse poder porque se aproxima o fim do seu ciclo à frente da FPF? Quem pode garantir que não serão uns Fontelas Gomes da vida a tomar conta da referida entidade independente?
7 - Não é que por uma absurda coincidência em que nosso futebol é fértil, o árbitro ameaçado por um dirigente acabou, sem surpresa, despromovido?