APITADELAS - Um artigo de opinião de Jorge Coroado.
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Com entrada do VAR na avaliação de algumas incidências nos jogos, também no léxico dos interessados no fenómeno que é o futebol, mais que falar-se sobre questões estéticas, táticas ou dinâmicas da modalidade, aquele passou a ser tema predileto em tudo quanto é debate sobre um jogo.
Simultânea e decididamente entrou-se numa nova era no que respeita ao conceito de arbitrar. Porém, curiosamente, não há discussão importante em torno da responsabilidade do árbitro enquanto decisor direto e final. Caso haja, como tem havido, erros objetivos, com operador do sistema exercendo ativa opinião, quem é o avalista? O caso mais recente, de maior ruído (envolveu crónico candidato ao título, tratado como DDT), sucedeu no jogo Benfica-Vizela. Aidara (FCV), fez penálti ao jogar a bola deliberadamente com a mão. Sobre árbitro e VAR caíram acusações de involuntária influência no resultado, porventura por distração, menor rigor, sobretudo incompetência.
Não foi a primeira, nem há de ser a última vez, com estes ou outros agentes. A FIFA distingue, claramente, função de um e outro. Diz o protocolo: "A decisão final é sempre tomada pelo árbitro, seja baseada na informação do VAR ou depois do árbitro ter efetuado uma "on-field review" (OFR)" e "O árbitro é a única pessoa que pode tomar a decisão final: o VAR tem o mesmo estatuto que os restantes elementos da equipa de arbitragem e apenas pode assistir o árbitro". Do observado semanalmente, constata-se óbvio alijar de comprometimento dos árbitros no momento de decidir.
Destino
O VAR destina-se a ser utilizado por um operador preferencialmente experiente e de provas dadas, totalmente atento, conhecedor, com os olhos no ecrã e preparado para, a qualquer momento, assumir e transmitir informações fiáveis e credíveis ao árbitro. Compreensivelmente as funcionalidades da ferramenta foram concebidas para se tornarem mais capazes ao longo do tempo, as funcionalidades atualmente ativadas não preenchem, nem satisfazem, completamente os anseios de "verdade desportiva" total. Mas, será tal possível?
Em progresso
A FIFA defende que o sistema é um trabalho em progresso, tecnologia que se está a especializar, a aperfeiçoar. O VAR alivia os árbitros de aspetos mais stressantes e potencialmente conflituantes nas decisões mais exigentes, contudo deve ser permanentemente aperfeiçoado para dar mais confiança ao árbitro, aumentar a credulidade dos amantes a modalidade e tornar a prestação dos árbitros mais agradável, no entanto não pode funcionar como decisor final. O árbitro deve continuar a ser responsável, senhor das suas decisões!