VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Os rumores são coletivos que avançam, sem dó ou piedade, impunes, bases soltas, rarefeitas, tantas vezes como frutos esperados da árvore da consanguinidade. Nas coligações objetivas de interesse, então, vale tudo para atingir os fins. Os momentos concertados são a maior demonstração da grandeza do alvo.
A forma como Sérgio Conceição foi lançado para a porta de saída do Dragão, supostamente desejada como capitulação de uma época ou de uma era, não acontece por acaso nem vem ao engano.
A forma como Sérgio Conceição foi lançado para a porta de saída do Dragão, supostamente desejada como capitulação de uma época ou de uma era, não acontece por acaso nem vem ao engano. Os títulos nacionais e internacionais do FC Porto não fazem primeiras páginas, mas qualquer momento de dúvida é demagogicamente explorado para que se cave mais fundo em nome de um fim. O fim da era Conceição no FC Porto é tão ou mais desejado pelos nossos adversários que o fim da era Pinto da Costa. Nada unirá mais treinador e Presidente.
Nenhum dos dois abdica. É por toda uma comunidade de opiniões considerar, taticamente confluentes, que o pensamento crítico de Sérgio Conceição é um elemento terminal de relação, que o treinador do FC Porto tantas vezes tem optado pelo silêncio. Quando fala e tenta desviar-se do lugar comum, é imediatamente interpretado como um personagem de dissensão e de confronto. Não há nenhum adepto que não perceba que, apesar do investimento, nem todas as opções se revelaram acertadas. Bastará que David Carmo e Veron acertem os "timings" de reentrada e tudo será diferente mas, até agora, é o que temos: as duas maiores contratações do FC Porto para esta época ainda não saíram do campo das promessas. E não é necessário que seja Conceição a dizer que boa parte das contratações é feita dentro da segunda divisão de escolhas que evolui na primeira Liga. Longe vai o tempo em que os três grandes trocavam jogadores. O que se exige é mais acerto.
Como se percebe, o rumor é um fado triste. Só no momento em que Pinto da Costa dá música, dentro do seu carro, é que a fatalidade se desdramatiza. Nesse momento que constará da História que se conta sobre como gerir uma crise de plástico, o Presidente dá uma lição, intuitiva e capaz, sobre como chutar para canto o que é dispensável, o fado da perseguição. Dispensam-se as declarações, comunicados ou sangue a ferver. Não foi preciso falar, foi preciso ser.