VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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Com 3 vitórias em 3 jogos, o FC Porto não tem que se preocupar com o que perdeu, apenas com o que não fez. Pontapé de saída na Liga com o pé direito: na jornada inaugural, ganhar com goleada ao Marítimo, vencer o Vizela numa deslocação difícil e chancelar o clássico no Dragão com o Sporting num 3-0 de supremacia evidente. Indicação de competência e solidez indesmentíveis.
Porém, longe da perfeição, convém que a equipa não se desmanche em águas tépidas que jogam com o relógio, na perspetiva e cadência de que os jogos se decidem por si, como se o peso das camisolas se comprometesse com um destino inevitável, o das vitórias caídas do céu.
A entrada em jogo com o Vizela deve ser tudo aquilo que a equipa se deve concentrar em não repetir. Para além da certeza da capacidade, talvez seja esse início de meias-tintas que Sérgio Conceição mais queira relembrar aos seus jogadores antes do jogo desta noite em Vila do Conde. Os próximos 3 jogam-se fora de casa.
O risco de repetir a apatia é terrível numa maratona. Acumulando pequenos períodos de ausência, qualquer equipa fica mais exposta ao insucesso, dá-se ao adversário em vez de cair sobre ele, abre as portas ao caráter involuntário do jogo, admite o sortilégio, convoca o azar ou a má fortuna. Daí que, jogando depois dos seus rivais mais diretos, uma entrada convincente no jogo será aquela que mais aproximará o FC Porto da confiança e, obviamente, da vitória.
Não deixa de ser curioso que a equipa não tenha conseguido entrar particularmente bem nos primeiros minutos dos três jogos da Liga, sempre com pouca posse de bola e na expectativa de ver para crer, como se estivesse à procura de si mesma. A expectativa é de que à quarta, seja de vez.
Após um resultado positivo frente ao Estoril (onde esteve a vencer até perto do fim do jogo, com posse de bola e chegando muitas vezes à baliza contrária), o Rio Ave parece ter ultrapassado o início de época em falso do primeiro par de jornadas. Já o FC Porto, sem Grujic e, possivelmente, sem Taremi, poderá repetir soluções no meio-campo e descobrir alternativas na frente.
Sente-se que há jogadores no banco capazes de saltar para o 11 titular e fazer a diferença. Toni Martínez, Galeno, Namaso e Veron têm provado, cada um com a sua história e tempo próprio, estarem aptos a assumir e render Taremi (ainda que tal implique uma reconfiguração do papel de Pepê e Otávio no meio-campo). A ausência de Grujic pode reabrir as portas da titularidade à fiabilidade e consistência de Bruno Costa, como sucedeu frente ao Sporting.
Três deslocações, antes do regresso ao Dragão, para entrar com "punch". Com o sorteio da Liga dos Campeões a ditar a hipótese de "revanche" de Sérgio Conceição pelo afastamento na Liga dos Campeões frente ao Atlético de Madrid na última temporada, e pela saída da Liga Europa de 19/20 frente ao Bayer Leverkusen, a linha do horizonte europeu, apetecível, está ainda distante. Vila do Conde e Barcelos, a somar horizonte na Liga. Só depois, Madrid.