PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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1 - A vitória de sábado, justíssima, foi bem importante pelo que representa: o cimentar de uma equipa e das suas pretensões. O Vitória, mesmo com as contrariedades que tem tido e sem se ter reforçado verdadeiramente em janeiro, mostra que, com os pés bem assentes na terra, é possível fazer um trabalho que dignifique a nossa camisola.
Contra o Estoril, depois do golo madrugador e se excluirmos um período entre os vinte minutos e o final do primeiro tempo, o Vitória mostrou personalidade. Pena foi que não tenha marcado o merecido segundo golo. Se o tivesse feito, o jogo teria sido mais tranquilo. Em qualquer caso, sente-se que a equipa, com os naturais percalços que tem tido, continua a evoluir. Venha o próximo.
2 - O estudante de direito cedo aprende a seguinte frase em latim: "pacta sunt servanda", o que quer significar que os acordos devem ser cumpridos. Mas se há campo de atividade em que o velho brocardo latino é mais vezes mandado às urtigas, esse é seguramente o do futebol.
Um futebolista assina contrato por um determinado clube. Fá-lo por vários anos, duração contratual que lhe dá a segurança necessária caso as coisas corram mal. Mas as coisas até correm bem. A partir desse momento, o futebolista deixa de olhar para a data do termo do contrato e só pensa em ir embora.
Já vimos este filme vezes sem conta. Um argumento que às vezes conta com declarações à imprensa dizendo que se quer abalar; recusas em treinar; ou intervenções mais ou menos descabeladas dos empresários, ávidos de mais uma comissão de milhões. Mais recentemente, ainda pudemos testemunhar mais nuances do mesmo texto: o futebolista apaga nas redes sociais imagens do clube atual e manda para o ar umas frases enigmáticas.
E, muitas vezes, os clubes cedem. É preciso dizer que às vezes é compreensível que o façam. Porque ninguém gosta de ficar com um jogador contrariado, pois um jogador contrariado é meio caminho para um jogador em sub-rendimento, logo, desvalorizado. Outras vezes não dá e é preciso dizer não. Explicando ao jogador que ninguém lhe apontou uma arma à cabeça para assinar e que o mesmo tem é que render. Se o fizer, todos saem a ganhar. Mas na altura e pelas condições certas.
Espera-se que a mensagem tenha passado e que haja a inteligência de perceber que a única coisa a apagar são os erros que se cometem dentro e fora do campo.