PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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Na passada segunda, a nação vitoriana ouviu com atenção a primeira entrevista televisiva do novo Presidente do Vitória. Como é normal, os novos responsáveis ainda estão a aclimatar-se a uma nova realidade e a lidar com os problemas de curtíssimo prazo. Parte da entrevista abordou essa mesma realidade, onde o tempo é todo consumido a apagar fogos.
A entrevista passou por variadíssimos temas, a começar pela primeira "crise" que António Miguel Cardoso teve de gerir: a despropositada e desproporcionada carga policial ocorrida no jogo contra os leões.
Falou-se ainda em temas mais estruturais, como a estafada "aposta na formação" (que parece ser o alfa e ómega de toda a política desportiva no nosso país); na relação com o rival Sporting de Braga; no anunciado fim da equipa de sub-23 (tema difícil de assumir numa casa que pertence à FPF); na futura academia, ou na aposta no futebol feminino.
Como é natural, foram ainda abordados temas mais concretos: a confiança que a Direção tem em Pepa; alguns detalhes da transferência de Marcus Edwards, designadamente dos "direitos" (ou da falta deles) que do Vitória face a Gonzalo Plata; o papel de Ricardo Quaresma; o difícil processo de renovação com Estupiñan; ou a joia da coroa André Almeida.
A parte que mais me agradou, confesso, foi quando o novo Presidente foi confrontado com a forma de liderar no meio da pressão dos adeptos. Vou citar o que ele disse: "Se nós gerirmos o clube, preocupados com o que vão dizer de nós, nós não temos caminho.". "Aquilo que são as decisões, eu vou tomá-las sempre em benefício daquilo que é o Vitória, mesmo correndo o risco de ser criticado no dia-a-dia, que vai acontecer, com certeza, isso é normal". "Nós vamos ser imunes a esse sentimento diário de crítica." Subscrevo cada uma das frases citadas. Dito isto, tenho consciência de que essa é a mais difícil tarefa para qualquer Presidente deste clube. Que não lhe falte a força para fugir aos populismos e para decidir sempre em função do que é melhor para o clube e não para atuar em função do que se acha que os adeptos querem ouvir.