PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Na memória de muitos está uma imagem típica dos inícios das épocas futebolísticas de antanho: no primeiro dia de trabalho pós-férias, os reforços alinhavam-se, sorridentes, para uma fotografia que registaria para a posteridade aquele encanto tão próprio de qualquer coisa que se inicia, sob promessas de dias de glória.
O número das ditas "caras novas" variava, mas andava sempre à volta de seis/sete reforços que, naquele dia, se davam a conhecer aos adeptos, em carne e osso, muitas vezes ainda vestidos "à civil". Os tempos que se seguiam, com os primeiros jogos "amigáveis" (e muitas vezes as aspas aqui eram bastante pertinentes), serviam para os adeptos matarem a curiosidade e logo debitarem as obrigatórias sentenças, com tanto de definitivo como de precipitado: "Este é craque"; "aquele não vale nada".
Dias longínquos, esses. Atualmente, a regra é que a época se inicie com poucas novidades. Os reforços vão chegando, a conta-gotas, no decorrer de um longo período de tempo que passa pelo defeso, pelo estágio, por jogos e torneios estivais, pelas primeiras partidas oficiais e que só culmina naquele último dia de agosto, dia em que os adeptos vão atualizando freneticamente o sítio da Federação ou da Liga.
Porque é que isto mudou? Não faço ideia. Mas a verdade é que aquilo que seria natural, que era os clubes atempadamente definirem as posições para serem reforçadas; escolherem os alvos para essas posições, com planos A, B e C para cada uma delas e selarem todas (ou praticamente todas) as contratações com o preto no branco, tudo isto a tempo do primeiro dia de trabalho, pura e simplesmente já não acontece. Nem no Vitória, nem em mais lado nenhum.
Veja-se o exemplo desta época. Os trabalhos iniciaram-se só com um reforço oriundo de fora da nossa estrutura. Entretanto, foram chegando mais uns quantos, um após o outro. Olhando para o plantel, percebe-se que ainda estarão por preencher uns três, quatro lugares, isto se não houver mais saídas.
A partida de Bamba ainda não foi compensada. Olha-se para a lateral direita e percebe-se que pode chegar mais alguém para aqueles lados. E finalmente, nos extremos, deve arribar mais gente para acrescentar quantidade e (espera-se) qualidade às opções de Moreno.
Para já, ainda é muito cedo para se tirar conclusões. Uns reforços parecem valores seguros, outros são incógnitas. Aguardemos, pacientemente, pelo fim do mercado e nessa altura veremos em que lugar da grelha partimos.