PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
Corpo do artigo
No momento em que o mercado começa a fervilhar e as equipas se vão posicionando e arrumando as respetivas casas, está na hora de relembrar que nós, vitorianos, temos de olhar para este defeso de forma diferente.
A consciência de que não há dinheiro deve-nos fazer entender várias coisas
A consciência de que não há dinheiro deve-nos fazer entender várias coisas: que temos de apertar o cinto nos salários (e que por isso não podemos manter jogadores que ganham o que não lhes podemos pagar); que as contratações têm de ser por valores modestos e que temos necessariamente de vender. Se olharmos as coisas por este prisma (e não nos adianta olhar por outro, porque tudo o mais é viver num mundo irreal) encararemos muito do que se está e pode vir a passar com naturalidade.
Primeiro exemplo: a saída de Estupiñan seria sempre inevitável (a renovação de jogadores a fazerem boa época no final dos contratos é como um unicórnio: fala-se deles, mas nunca ninguém viu nenhum). Mas ainda que o colombiano tivesse vontade de ficar em Guimarães, nunca o Vitória lhe poderia pagar o que ele iria ganhar noutras paragens.
Outro caso é o de Bruno Varela. O jogador fez uma boa época e pelo que se lê por aí, terá mercado. A sua venda em condições vantajosas é, por isso, uma medida acertada. Não só porque é isso que os clubes bem geridos fazem - contratar, valorizar e vender -, mas porque o Vitória está muito bem "calçado" para prevenir uma eventual saída. Trmal já deu provas de que tem categoria para assumir o lugar e temos na equipa B tão só o titular da seleção nacional de Esperanças. Não há que ter medo de enfrentar a época, por isso, com Trmal e Celton Biai na defesa das nossas redes.
E finalmente temos o caso de André Almeida. O jovem médio é o maior ativo que temos entre mãos e só muita cegueira por parte dos estarolas pátrios ou de tubarões estrangeiros poderia justificar que não lhe esteja já a ser feita uma intensa corte. Em minha opinião, o André ainda poderia crescer mais uma época no D. Afonso Henriques, mas se aparecer uma proposta pelo seu justo valor, dadas as nossas necessidades de dinheiro, temos todos que nos preparar para o podermos perder. Três exemplos e três saídas que poderão ser uma realidade para quem tem de gerir o clube com os dois pés bem fincados no chão.