PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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1 - Uma das consequências do nosso não apuramento europeu será aquela, que, no imediato, menos afligirá os vitorianos. O facto, todavia, está aí e afeta todos: Portugal está em perda no ranking Uefeiro e essa perda vai ter consequências. A nossa precoce saída de cena vai agravar esse cenário.
É preciso, todavia, olhar para o problema com olhos de ver. E esse exame não pode deixar de incidir na dura realidade que é a nossa competição caseira. A tal que, pelos vistos, não atrai o interesse de operadoras estrangeiras para ser televisionada fora do nosso retângulo. Por que será?
A Supertaça foi uma boa amostra do produto que queremos vender
Por estes dias, tivemos uma boa amostra do produto que afanosamente queremos vender e ninguém está interessado em comprar: a Supertaça disputada em Aveiro. Um jogo entre dois dos três do costume e que se saldou por longos minutos de lances quezilentos; pelos teatros do costume; por uma chuva de cartões distribuídos sem critério apreensível; e que terminou, qual cereja no topo do bolo, com um dos técnicos a exigir explicações para se conformar com a ordem de expulsão que havia recebido.
A verdade é que, enquanto não reformarmos os nossos quadros competitivos e sobretudo, enquanto os diversos atores que intervêm no jogo: dirigentes, árbitros, jogadores, treinadores e até, por que não dizê-lo, espectadores não se capacitarem que, em maior ou menor grau, são responsáveis pelo produto final, nunca sairemos da cepa torta.
Há anos que me canso de escrever sobre este problema endémico do nosso futebol profissional: ninguém se senta a pensar em como poderemos ter uma competição mais equilibrada, nivelada por cima, como poderemos acrescentar atratividade ao espetáculo. E quem se der a esse trabalho, vai esbarrar contra clubites, umbiguismos, interesses instalados e sobretudo numa visão de curto prazo que contrasta, por exemplo, com o trabalho que a Federação tem vindo a desenvolver.
O que levanta a questão pertinente sobre se o futebol profissional em Portugal é, afinal, reformável ou não. Enquanto a questão mantiver pertinência, será sinal de que nada avançámos e de que a manutenção em lugares menos agradáveis do ranking se terá transformado no novo normal.
2 - Bem ou mal, é esta competição que hoje iniciamos. E se os seus males estão muito para além da nossa eliminação, não há outro caminho para o Vitória se redimir perante os seus que não seja a conquista dos três pontos. Vamos a isso?