PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro
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1 - Quando, no final da década de 90 do século passado, o legislador português, seguindo a tendência europeia, criou a figura das sociedades anónimas desportivas (SAD) para gerir o desporto profissional, o caminho estava a ser trilhado: o desporto profissional é uma área com grande expressão financeira e os clubes que quisessem sobreviver teriam que se adaptar ao novo paradigma.
O tema da venda de parte do capital social da SAD bracarense ao fundo do Catar continua a mover as opiniões dos adeptos.
Foi o que sucedeu, no futebol português, com a criação de inúmeras SAD. O ideal romântico da nostalgia do velho clube foi sendo substituído pela gestão profissional, com o almejo no lucro para distribuir pelos acionistas.
O tema da venda de parte do capital social da SAD bracarense ao fundo do Catar continua a mover as opiniões dos adeptos. Pelo que consegui ler, em vários fóruns, há, no seio da comunidade bracarense, muita desinformação sobre o assunto, mal-entendidos, opiniões conspirativas e outras messiânicas. Impõe-se um cabal esclarecimento da situação, dos contornos do negócio (os que forem conhecidos, claro) e das consequências desta aquisição na gestão da SAD.
É urgente que o ruído termine e nos foquemos no que interessa, nos jogos e na atividade do clube. O local por excelência para tal debate será a Assembleia Geral marcada para 29 deste mês e da Direção esperam-se esclarecimentos. É essa a casa por excelência das decisões e dos debates do SC Braga. Por isso, a participação nesta reunião magna antevê-se elevada, pois quem tiver alguma coisa a perguntar, alguma dúvida a esclarecer ou algo a dizer, que fale aí ou se cale para sempre.
2 - Uma equipa serena foi o que vi ontem no estádio Coimbra da Mota. Sempre a pautar o ritmo do jogo, que deu a ideia de estar sempre controlado pelo Braga, nunca deixou que fosse o Estoril a mandar. Uma equipa bem solidária, que funcionou como um todo, como um coletivo e não fosse o golaço de Vitinha, seria mesmo impossível distinguir um protagonista no jogo.
Gostei muito do rigor técnico e tático da equipa, sempre muito junta no meio-campo, a encurtar os espaços entre os jogadores, o que explica a facilidade de controlar os diversos momentos do jogo. Podíamos ter até marcado mais golos, pois criamos oportunidades para tal. Uma vitória mais do que justa e que nos coloca de novo no 2.º lugar. É este o Braga que queremos.