VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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O dérbi da Invicta raramente é bem jogado e, antes da pausa para o Mundial e com o atraso pontual para a liderança, a margem de erro nula aconselhava entrada forte em jogo e golo madrugador na receita.
O FC Porto, à semelhança dos últimos jogos e que raramente conseguiu no início da época, dominou a ferro e fogo de Dragão desde a saída do balneário.
Pepê, lateral subido na ala direita, permitiu à equipa oscilar em ataque entre a vertigem de Galeno e a criatividade do brasileiro. Essa possibilidade de oscilar entre flancos com a criatividade e segurança de Otávio como elástico de união entre eles, liberta Taremi e Evanilson para serem, em simultâneo, assistentes e decisores. O FC Porto transpira, arte e suor, o melhor momento da época à porta da paragem para o Mundial. Parar agora, só será benéfico pela esperança de que outros esmoreçam. Para o Dragão, neste momento, é o testemunho de um crime.
"A notícia sobre a minha paragem é manifestamente exagerada", dirá o futebol português. Com a Liga em suspenso mês e meio, a Taça da Liga encontra a verdadeira vocação: rodar e dar competição. Para os defensores do prestígio da Taça da Liga, permitir que ela se jogue em tempo de refugo mundialista é o maior atestado de menoridade possível à competição. Para os que defendem o seu caráter secundário, é vê-la no seu devido lugar. Estranho é que os mesmos que lhe tecem louvores, não a suspendam extraordinariamente face ao inusitado Mundial de inverno. Ou, em alternativa, antecipem o desejo de que se transforme numa "Final 4" dos primeiros classificados da época anterior. Mais do que nunca, é nesta época que a fase de grupos da Taça da Liga parece fazer sentido: evitar o transtorno competitivo das equipas que continuam intactas ou subtraídas de algumas (poucas) peças, dando-lhe rodagem e competição. Um Torneio do Guadiana ou um Teresa Herrera também viriam a calhar. A Taça da Liga só faz sentido na "Final 4" ou com regulamentos que obriguem a maior número de jovens na fase de grupos e na fase final.
Antes do peso dos quase 500 gramas da bola de futebol entrar em campo, foram as pequenas bolas não amestradas do sorteio da Champions a ditarem a fortuna possível para FC Porto e Benfica. Com dois duelos leoninos (PSG-Bayern e Liverpool-Real Madrid) à cabeça, a passagem à próxima ronda das equipas portuguesas permite sonhar com uma aproximação às meias-finais da principal competição de clubes. Seria mais um milagre português.