HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
Corpo do artigo
Será que se Portugal tivesse eliminado Marrocos, Fernando Santos teria saído do cargo? Possivelmente não. E até teria feito um bom Mundial.
Os selecionadores não devem ser julgados num só dia ou por causa de um mau plano de jogo. Ou por não terem convocado extremos para o Mundial - o que se estranha e teria dado um "jeitaço" frente a Marrocos.
A Seleção Nacional deve ser fiel a um modelo de pirâmide, que progrida desde os sub-15 à equipa principal de uma forma que, não sendo imediata, contemple um percurso de cada um dos seus intervenientes. Uma progressão que envolva os jogadores e os técnicos. Ora, se o técnico prova que é competente, conhece os jogadores como ninguém e está habituado a levar Portugal a finais no seu escalão, porque não subir um degrau na cadeia?
Rui Jorge é a escolha certa para selecionador. E até se vai mais longe: em condições normais, de competência demonstrada, o técnico dos Sub-21 deve ser a escolha mais imediata para treinar a seleção principal. E, com isso, valorizar-se muito mais o cargo de selecionador Sub-21.
8 Wendell: mais forte
Num período de Taça da Liga que tem sido proveitoso para o desenvolvimento de alguns jogadores - leia-se também Namaso e Grujic - o lateral Wendell vai mostrando a competência de quem trabalha bem nos bastidores. Apontou um excelente golo de bola parada, apresentando créditos e recursos para ser solução fiável neste capítulo do jogo. Pelo seu flanco não deixou espaços e, no capítulo ofensivo, alimentou o ataque de forma regular, mostrando uma qualidade técnica que dá um bom colorido a todo o jogo ofensivo da equipa. Mais uma exibição conseguida de um elemento que vai subindo degraus de confiança nesta temporada.
8 Arthur Gomes: eixo de desequilíbrio
É desequilibrador e começa a demonstrar que o é de uma forma constante. E ciente das necessidades coletivas da equipa: frente ao Marítimo, logo no primeiro minuto, arrancada no timing certo (trabalho de laboratório) para corresponder ao passe longo de Matheus Reis. Sempre em alta rotação, mostra desenvolvimento assinalável no que toca ao entendimento das necessidades da equipa. E num trabalho discreto: no lance do quarto golo, em vez de arrancar de forma desmedida pelo seu flanco, contemporizou e preferiu jogar simples, numa jogada que terminou no golo de Porro. E o jogo não podia fechar sem um excelente slalom, que selou o marcador e uma excelente exibição leonina!
7 Alan Ruiz: agora sim
Chegou a meio da temporada passada com a perspetiva de desequilibrar e acrescentar qualidade técnica ao jogo ofensivo da equipa. No entanto, a adaptação foi demorada e a explosão tardou. A questão é que a qualidade de Alan Ruiz está lá e mantém-se intacta: técnica, competência na finalização e na circulação de bola, Ruiz esteve em destaque nos Açores: muito frio a temporizar no lance do primeiro golo, desembrulhou a cratera necessária para Opoku finalizar. Para além de ter mostrado um nível competitivo interessante, há sempre aquela positiva sensação de que Alan Ruiz pode render muito mais. O Arouca, que segue para os quartos da Taça da Liga, agradece.
A questão José Mourinho
Nada contra a competência técnica de José Mourinho, que é inquestionável. Acontece que, no país dos melhores treinadores do mundo, será que existe a necessidade de se estar a "congeminar" um possível selecionador a tempo parcial? Para Mourinho, que está a estabilizar na Roma, também não seria a melhor aposta.