PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro.
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Quem é adepto de futebol e apaixonado por um clube, como eu sou pelo SC Braga, sabe bem como nos sentimos ao acordar no dia seguinte a uma noite como a da passada 5.ª feira, depois de uma conquista difícil, europeia e, para muitos, impensável. São estes momentos que nos aproximam do Olimpo, da mitificação dos jogos e dos jogadores.
O futebol, sendo "a mais importante das coisas que não são importantes", mexe connosco. Altera-nos o humor, tolhe-nos a razão. Para os adeptos, é possível elogiar e atribuir características quase divinas a um jogador ou a um treinador numa semana e, na semana seguinte, insultar a sua competência, ansiando pela sua expulsão da equipa. Esta é a irracionalidade apaixonada do futebol. É ser adepto.
O SC Braga, ao longo da presente época, tem demonstrado algumas alterações de humor no seu jogo: o Braga europeu tem sido de uma competência para além de toda a crítica; já o SC Braga nacional tem oscilado entre o desconcentrado e o muito eficaz e eficiente. E os adeptos acompanham estas variações exibicionais, exultando os jogadores e equipa técnica nos momentos altos e criticado - nem sempre da forma mais cordial - quando as coisas não correm bem. Este aspeto emocional da narrativa futebolística, sintetizada na máxima "as contas fazem-se no final", tem merecido a atenção do técnico Carvalhal. Concordo com ele quando refere que a aposta na formação (que, esta época, atingiu uma dimensão nunca antes vista) pode ter este efeito de inconstância exibicional. São dores de crescimento. Mas também a irreverência da juventude permite vitórias como a da passada 5.ª feira, pois os jogadores mais jovens parecem não se preocupar em dosear o seu esforço, e isso, por vezes, resulta bem. O jogo contra o Mónaco, que se seguiu a uma derrota caseira frente ao "Super-Gil", teve o mérito de fazer perceber melhor que tal derrota foi injusta e o SC Braga até fez uma boa exibição, em nada inferior ao que fez no Mónaco. Mas não venceu, pois não foi eficaz. A luta pelo 4.º lugar é, agora, um dos pontos de interesse mais quentes da Primeira Liga. Mas o Braga também é europeu, e dos grandes, dos que estão na elite do futebol do velho continente. Siga para Glasgow...