A fase final da temporada anterior, quando a campanha deixou de ser autêntico passeio e alguns resultados negativos surgiram, já havia sido possível constatar ao austero treinador teutónico, alguns ténues lamentos sobre arbitragem, porém, longe estaria podermos ouvir-lhe: "Der Schiedsrichter war nicht auf unserer Seite"
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Junta-te aos bons serás como eles, junta-te aos maus serás pior do que eles, assim se expressa a grandiloquente sapiência popular. Sabia-se do fascínio que o sol, a tranquilidade, simpatia e forma afável do povo acolher (esta merece ponderação, quiçá discussão), também a nossa gastronomia, se bem que alguns não saibam o que é ter paladar requintado, são capazes de causar ao mais empedernido coração que nos visita ou cá arriba para trabalhar. Desconhecia-se, isso sim, capacidade em influenciar comportamentos e sentimentos em gente educada sob prismas ditos mais civilizados.
Embora seja verdade a vox populis assumir que em Roma sê romano, quem, na época passada, no período mais afirmativo do SL Benfica, seria capaz de ouvir ou observar ao seu germânico responsável técnico, expressão que nem ao menos esclarecido treinador português se ouviria? Na fase final da temporada anterior, quando a campanha deixou de ser autêntico passeio e alguns resultados negativos surgiram, já havia sido possível constatar ao austero treinador teutónico, alguns ténues lamentos sobre arbitragem, porém, longe estaria podermos ouvir-lhe: "Der Schiedsrichter war nicht auf unserer Seite" (o árbitro não esteve do nosso lado).
Ter-se-á tratado de mero lapsus linguae ou, porventura, mostrando espanto pelo desagrado do momento, permitiu fuga da boca para a verdade e incorreu em implícito reconhecimento daquilo que por cá, com inusitada frequência, ocorre com sua equipa e com outras duas de objetivo idêntico? Quem no estádio presenciou o jogo viu como jogadores do SLB, perante confrontos diretos perdidos, habituados ao burgo, não se coibiam de rapidamente contorcerem-se no solo com dores.
TRAMAS
Antanho, jogador que se prezasse, sobretudo se fosse mais baixo, mais lento ou menos dotado tecnicamente, recorria às mais diversas tramas para desestabilizar adversário que lhe surgisse pela frente e ganhar vantagem. Havia genuínos artistas naquela arte. Tramoias mais comuns passavam por antegozar aludindo à mulher do contrário, puxar calções ou o cabelo - tipo galada, calcar biqueiras das botas quando os outros procuravam elevação, em gesto rápido, tipo chicote, tocar nos genitais, apalpar as nalgas ou enfiar dedo no rabo. Os menos experientes, primeiro barafustavam, depois eram capazes de reagir bruscamente e justificarem cartão vermelho. Missão cumprida, pensava o artista.
FORMA ESTÚPIDA
Na atualidade, poucos ou nenhuns são os jogadores que recorrem a ardis. Ao invés, de forma estúpida e bastarda, capaz de colocar em causa integridade física, eventualmente causar dano irreversível (ex: cegar), usam descabeladamente os cotovelos e mãos para, atingindo contrários no rosto, os afastar das jogadas. As pequenas patifarias, embora irritantes, tinham o seu quê de engraçado (detetei guarda-redes com pequena barra de ferro dentro das luvas - atordoava os cabeceadores). Hoje, o que ocorre configura conduta violenta, gratuita, capaz de acabar com carreira e bem estar de qualquer atleta. Compete aos árbitros, perante o flagelo, serem mais vigilantes e mais rigorosos.