PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro.
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1 A jornada passada foi prenha de casos de arbitragem. Os principais clubes queixaram-se. Os dirigentes imputaram as culpas aos adversários, deixando os adeptos (seus e dos outros) furiosos.
Os clubes da parte de cima da tabela sentem-se vítimas de perseguição, de ações maléficas dos árbitros, de sombras que conspiram contra si.
O SC Braga não gostou nada da arbitragem de Luís Godinho, no jogo contra o seu rival geográfico (que, no final, até festejou a vitória como se de uma conquista de um título se tratasse). E, de facto, o árbitro não esteve lá muito bem, reconheço. Mas eu não vou falar disso.
Os erros de arbitragem são parte integrante do jogo de futebol. Prefiro falar de erros da nossa equipa, pois com esses poderemos aprender para não os repetir no futuro. Na minha anterior crónica, escrevi sobre as virtudes e os limites da Inteligência Artificial (IA) aplicada ao futebol, na sequência da corajosa decisão do árbitro francês do jogo Braga-Fiorentina, que revogou uma decisão da "infalível" tecnologia de linha de golo. Hoje voltarei a falar de IA para fazer uma especulação: se Artur Jorge fosse uma IA, provavelmente o Braga não perderia o jogo com o VSC (ou, pelo menos, não da mesma forma).
Quando Niakaté é punido com o primeiro cartão amarelo, aos 6" de jogo, a IA logo começaria a recolher informação dos movimentos, reações e comportamento fisiológico do jogador para computar as possibilidades de ele ser expulso. E certamente que concluiria, pelas três intervenções seguintes do defesa, que as possibilidades seriam muitas. Niakaté não estava nos seus dias: desconcentrado, a entrar sempre tarde, nunca conseguindo ganhar a posição ao adversário, recorrendo, por isso, à falta para o travar. E quando, na entrada da área, reage tarde e comete a penalidade, o mal ficou feito. A IA já o teria substituído, certamente. E talvez a IA não tivesse começado com 2 trincos, pois tal foi fatal, na primeira parte, ao retirar maior mobilidade na construção de jogo. Mas Artur Jorge não é uma IA; e ainda bem, pois como humano, dar-nos-á muitos mais pontos, pois o futebol não vive só da análise de informação e é no fator humano que reside a essência deste desporto.
2 3500 ações da SC Braga, SAD vendidas num leilão de uma insolvência por... 350 mil euros. 100 euros por ação. Foi a oferta da sociedade Vintagepanóplia, SA, sediada na Zona Franca da Madeira. Uma empresa com muitas ligações a Braga e aos Emirados Árabes Unidos. Eis o mais recente acionista da SAD. Bem-vindo.