No Vitória não pode haver poder oposição, a nossa oposição são os adversários
PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Os votos estão contados, os resultados anunciados. Para os próximos três anos, o presidente do Vitória Sport Clube será António Miguel Cardoso.
A ele cabe agora a suprema honra e a máxima responsabilidade de liderar os nossos destinos. Por isso, as primeiras palavras terão de se ser de felicitações pela vitória. António Miguel Cardoso fez uma boa campanha e convenceu a maioria dos vitorianos. A experiência que ganhou na campanha de há três anos terá sido importante na elaboração do programa, na escolha dos seus protagonistas e na transmissão da mensagem. É, indiscutivelmente, um justo vencedor.
A segunda mensagem é de agradecimento. Como eu dizia, com a honra do cargo vem uma responsabilidade e uma exigência gigantes. Por isso, enquanto vitoriano, sinto-me grato pela disponibilidade e coragem demonstradas. Todo e qualquer adepto já ensaiou um dia um "se eu mandasse", mas haver quem se chegue verdadeiramente à frente é outra coisa.
Quero ainda deixar palavras de agradecimento e conforto aos candidatos que não conseguiram ser os mais votados: Alex Costa e Miguel Pinto Lisboa. Ao Alex Costa quero dizer que não é um derrotado. A sua ida às urnas foi uma prova de vitorianismo que não se esquece, que enriquece a sua vida e que valorizou o triunfo do novo presidente.
Quanto a Miguel Pinto Lisboa, independentemente do juízo que cada um faça sobre o seu mandato, serviu o Vitória o melhor que soube durante três anos. E só por isso, mereceria sempre uma palavra de conforto, que aqui deixo.
Aos três queria ainda dizer que é tempo de virar a página. Ao vencedor: valorize o papel dos seus até aqui concorrentes envolvendo-os na vida do Vitória, assim eles o queiram fazer. O Vitória só tem a ganhar se contar com os seus contributos. Aos que não lograram vencer: continuem a ajudar o Vitória. Neste clube não pode haver poder e oposição, pois a nossa oposição são os nossos adversários.
Uma palavra também para as equipas. O tempo dos homens sós e providenciais acabou há muito. Uma direção unipessoal é meio caminho andado para o insucesso. Um verdadeiro líder, dá o exemplo e envolve. Delega e confia. Motiva, dá conforto e mostra solidariedade. Os membros da equipa, por sua vez, devem perceber que integram isso mesmo: uma equipa. Um lugar onde não há espaço para individualismos, ciumeiras ou agendas próprias. Um coletivo onde o líder define o rumo e onde todo e cada um deve ser leal sem perder a sua coluna vertebral.
Queria ainda deixar uma mensagem para os membros dos restantes órgãos sociais e suas equipas. Ao Belmiro Pinto dos Santos, presidente do órgão máximo do clube (e às vezes tão exigente como o de presidente da Direção) boa sorte na condução das assembleias. Ao Ricardo Lobo, novo presidente do Conselho Fiscal, cargo tantas vezes incompreendido, que não lhe falte independência e coragem. E ao João Henrique Faria, que tenha pouco (mas bom) trabalho no Conselho de Jurisdição.
A última palavra para os adeptos. António Miguel Cardoso é o nosso presidente. O presidente de todos os vitorianos. Que saibamos ter a lucidez de o apoiar, mantendo o espírito crítico. Que sejamos exigentes, mas deixando espaço para que se trabalhe com qualidade. Viva o Vitória!