PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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O aproximar do mês de janeiro faz-nos, paradoxalmente, recuar no tempo e regressar aos meses de calor, quando os plantéis estão em construção e as equipas se vão apetrechando, navegando nas águas do mercado aberto.
Janeiro é uma espécie de mini defeso, permitindo que se abram as portas que antes se encontravam fechadas.
Janeiro é, assim, uma espécie de mini defeso, permitindo que se abram as portas que antes se encontravam fechadas. Mas as semelhanças param por aí. Desejavelmente, o mercado deveria ser um período de ajustes e de reforço do plantel. Por um lado, as equipas procurariam limar as arestas do que correu menos bem do que se esperava. Quando em Guimarães se fala das saídas de Ogawa e de Cortés é disso que estamos a falar. Dois casos claros de inadaptação e de falta de rendimento.
Por outro lado, as equipas tentam reforçar-se. Procuram analisar os seus pontos débeis e contratar jogadores que os venham reforçar e colmatar. É o caso da lateral esquerda vitoriana. Até agora, nenhum dos protagonistas que por lá andaram mostrou rendimento que tranquilizasse Moreno. Nos jornais surge o nome de Pedro Amaral. O vila-condense é um jogador feito, com escola e uma performance interessante. Não sabemos se tudo não passa de rumores, pelo que há que aguardar pelas próximas semanas para tirar tudo a limpo.
Mas, infelizmente, o mercado de janeiro pode ter de servir para outra coisa. E essa outra coisa pode ter de ser equilibrar as finanças do clube. E isso implica vender. Ora, se essas vendas forem dos melhores jogadores da equipa, dificilmente o balanço do mercado será desportivamente de saldo positivo. E isto é assim porque por muito que se tente contratar alguém ao nível daqueles que saem, num mercado tão estreito como o de janeiro isso é complicadíssimo.
E é aqui que entra o caso de Ibrahima Bamba. Ninguém quer perder o nosso jovem jogador. Nem os adeptos, nem o treinador, nem seguramente a direção. Mas a situação financeira do clube pode levar-nos para aí. Enquanto vivermos tempos de austeridade a realidade não vai ser a que desejamos, mas aquela que é. Estamos mesmo em tempo de ter que vender anéis para que os dedos fiquem intactos. Aguardemos por isso, pelo fim do filme e (se o negócio efetivamente acontecer) pelos valores envolvidos.
Até lá, o que se deseja é que se contrarie a tendência habitual de deixar tudo para os dias em que fevereiro já espreita. Façam-se os ajustes necessários, feche-se o plantel novamente para que a tranquilidade se instale no espírito de todos.