APITADELAS - Um artigo de opinião de Jorge Coroado.
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Estamos em época natalícia. O Campeonato do Mundo termina hoje. A eliminação de Portugal nos quartos de final gerou grande alarido.
O treinador já marchou. Hosanas são proferidas, trompetas se agitam com possível chegada do novo timoneiro.
Muito se tem dito e especulado sobre a prestação da equipa das Quinas, sobretudo pela derrota diante Marrocos. Porquê? Qual a razão? Não terá Portugal provado do mesmo veneno que o fez campeão da Europa? A memória é curta, seletiva e conveniente, porquanto se olvida quão criticada foi a Seleção pelo fraco futebol apresentado, invariavelmente sempre ao ataque (???) muito fechadinha lá atrás à espera de um rasgo, de um ímpeto, de uma inspiração.
Durante a estada lusa no Catar, faleceu Fernando Gomes, atacante e goleador de méritos firmados (pela pessoa e goleador que foi, ocupará lugar titularíssimo na equipa celestial) que terá dito: "Marcar um golo é como ter um orgasmo!" Ora, por princípio, todas as equipas jogam à semelhança daquilo que o treinador pretende, assim, não é de admirar que os golos, no Catar, como em muitos outros jogos anteriores, só tenham surgido em catadupa diante a Suíça, país conhecido pelas suas temperaturas frias, porquanto sendo o treinador, de acordo com noticiado, confesso católico, em matéria de conceção provavelmente será adepto da temperatura basal como método anticoncecional, quiçá de coito interrompido (este terá sido o utilizado em França, pois Éder, na hora da verdade, descuidou-se e atingiu o orgasmo) além de, respeitador dos sagrados mandamentos, não deverá gostar de pecar cobiçando título que, por norma e invariavelmente é reservado a Brasil (5), Alemanha (4), Itália (4) e Argentina (2).
Gozo!
As meias-finais deram gozo, não pela espetacularidade e beleza proporcionadas, sim por terem confirmado o que se antevia. Engraçado foi saber-se que, eliminado pela França, Marrocos, junto da FIFA, terá protestado sobre a arbitragem do jogo. Com franqueza, já a pulga tem catarro! De facto, o penálti favorável aos marroquinos e não assinalado, só pode ser entendido como cabala construída para denegrir a poderosa FIFA, porquanto, eliminados Brasil e Alemanha, Inglaterra também, seria aceitável França ou Argentina não estarem, hoje, na final? E o jogo do poder, como se garante?
Revolta, enoja!
Cansa falar e dizer mais do mesmo. Revolta e enoja termos de verberar assiduamente atitudes próprias dos homens das cavernas. Não obstante apoiarmos decisão da AF Lisboa em suspender suas competições por solidariedade com árbitros agredidos na semana anterior, tal não passa de fraca panaceia diluída na espuma dos tempos. A essência daqueles e de todos os Cro-Magnons, predispostos ao desrespeito pelo semelhante, só se altera quando existirem verdadeiros padrões educativos. Educar não é só transmitir conhecimento. Ensinar é, também, saber respeitar e incutir respeito pelo próximo.