VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Aproveitar ou desbaratar segundas oportunidades, já louvava o Engenheiro, são centrais para a requalificação dos sonhos. Ainda que o grau de facilitismo possa ser, ele mesmo, um fim. No futebol e numa prova-maratona, não há facilidade que faça campeões.
"A 5 pontos da liderança e a 1 ponto do 2º lugar, tudo é possível se prescrever o sentimento de instabilidade que assolou o FC Porto nos jogos fora de casa"
Aos campeões e aos que o pretendem ser, compete revalidar o sonho, jornada a jornada, com os menores atropelos que subtraem dois pontos aos possíveis e sem as calamidades que atiram três pontos para o cadafalso. Vencer o défice de qualificações também requer estrelinha e, nesta jornada, a dita brilhante adquiriu diversos formatos para os dois Sporting"s, o de Portugal e o de Braga. Nos Açores, o Benfica já respirava ao intervalo sem que a segunda oportunidade ainda tivesse sido dada a Gonçalo Guedes. O tempo faria justiça com um golo que outrora tardou, enquanto o FC Porto se preparava para entrar no berço com a necessidade de ser equipa adulta. As novas oportunidades detestam contradições. Deram a palavra ao campeão.
À entrada, face a face com o Vitória, o 11 conta a história de um regresso capital. A reentrada de Pepe na equipa titular, após o 4 de Outubro e na proximidade dos 40, atira a equipa para um patamar de maturidade que não desculparia hesitações nem uma entrega abaixo do mínimo regulamentar. Com um meio campo a que Eustáquio acrescentava criatividade e assistência para golo, o FC Porto parecia disposto a ser racional e passional em simultâneo. Não perder o Norte no Minho ou como manter a chama acesa a 5 pontos, à 17ª jornada. Os minutos iniciais confirmariam que o jogo não estava para ser entregue de bandeja e os dragões entram territoriais, a mandar no jogo, pressionantes. O caminho da baliza contrária não parecia evidente, porém. Apesar de não vencer há sete jogos (agora 8), o Vitória conseguiu conter os danos junto à sua baliza até que João Mário confirmou a razão pela qual todos precisamos, a determinada altura, de ver de fora para voltar em cheio. Já frente ao Famalicão havia sido decisivo.
Controlar o jogo com dominância em Guimarães não é para todos e foi essa a prova de aferição e maturidade que o campeão ultrapassou. A 5 pontos da liderança e a 1 ponto do 2º lugar, tudo é possível se prescrever o sentimento de instabilidade que assolou a equipa nos jogos fora de casa. No momento em que a liga dobra e o FC Porto não perde há 15 jogos, este triunfo é excelente tónico para um novo recomeço, uma segunda oportunidade. Ninguém se rende a notícias sobre uma morte anunciada.