PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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Quando, ainda a época era uma criança, se anunciou a saída de Pepa, os vitorianos abriram a boca de espanto e os níveis de preocupação subiram em flecha. Ao anúncio da saída seguiu-se um outro: o de que o substituto seria Moreno. Com a carruagem em andamento, o Vitória ficava-se pela prata da casa. Creio não estar a ser injusto se disser que a maioria dos vitorianos olhou para essa solução como algo de transitório.
A verdade é que o vitorianismo de Moreno era inversamente proporcional à sua experiência como técnico principal. Temia-se, por isso, que não aquecesse o lugar ou que o fizesse apenas para o manter mais confortável para o senhor que se seguisse.
É isto que eu espero do meu treinador. Que transforme os seus jogadores em melhores jogadores.
Aqui chegados, há que dizer que Moreno tem passado no teste com distinção. Orientando uma equipa que não escolheu e que lhe foi entregue de um dia para o outro, o técnico vitoriano demorou um pouco até começar a deixar a sua impressão digital. À medida que o foi fazendo, foi-se percebendo que havia ali ideias claras para o que se pretendia. O Vitória transformou-se taticamente, as peças começaram a encaixar melhor e o nível exibicional foi estabilizando. Jogadores houve que começaram a revelar-se apostas seguras e que foram crescendo: Amaro ganhou minutos em cima de minutos e o seu nível foi subindo. Bamba foi adaptado a um novo papel que se lhe encaixou como uma luva. Zé Carlos foi chamado a colmatar um buraco que se abrira à direita da defesa e fê-lo com competência. André André foi recuperado e assumiu a liderança no meio-campo. Nelson da Luz começou a revelar o seu melhor futebol.
É isto que eu espero do meu treinador. Que transforme os seus jogadores em melhores jogadores. Que deles retire o melhor que cada um tem para dar. E já se perceberam duas coisas: que Moreno tem ideias claras quanto a quem ele vê com potencial para ajudar a equipa; e que com ele quem trabalhar acaba sempre por ter o devido reconhecimento.
A melhorar, apenas o autocontrolo. Moreno tem que perceber que ninguém ganha com uma postura descontrolada no banco. Tem que confiar no seu valor e que por ter esse valor é que é importante tê-lo no seu devido lugar. Se assim for, no final da época, entre as revelações da temporada não estará apenas um punhado de jovens jogadores vitorianos. Estará também o seu treinador.