VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Se observarmos pela metade de um copo resultadista, a semana no Dragão bebeu-se em dois "shots" de vantagem mínima, 1-0, singular bola nas redes, sem resposta, infligida ao Braga (para a Liga) e ao Rio Ave (para a Taça da Liga).
Dois jogos bem distintos, com abordagens bem diferentes, com importância diversa. Eis como uma equipa a respirar fundo, pode acabar no mesmo e preciso lugar de uma outra que queira vir respirar um novo ar. O FC Porto faz-se sempre de querer ganhar. Indiscutíveis, de tão diferentes, foram as vitórias.
É difícil encontrar jogos na História do FC Porto que não contem para quase nada, que não permitam, pelo menos, sonhar com o apuramento ou a passagem, um "play-off" que seja, um mero acerto de contas ou de golos ou de "ranking". O jogo com o Rio Ave para a última jornada da fase de grupos da Taça da Liga, não permitia qualquer degrau superior. Era um jogo morto, pouco feliz pela razão de existir (até para os vila-condenses que tinham escassas hipóteses de apuramento para a fase final) mas que tinha que ser respeitado. E foi com essa ambição que o FC Porto sacou de cartas fora do baralho e deu uma Boa resposta (assim mesmo com b de B), mostrando e tarimbando jovens jogadores a alto nível, renovando o espírito de conquista. Sérgio Conceição deu oportunidade de titularidade a vários jogadores que não configuram as habituais primeiras opções (com Nanú e Bruno Costa, à cabeça) e a outros que subiram um grau (João Marcelo e Zé Pedro, centrais). Mais foram entrando durante o jogo, com nota interessante, mas foi o regressado Pepê a fazer o seu primeiro golo de azul e branco. Oxalá o inspire para a liberdade de uma segunda metade da época mais afirmativa (os bons sinais estão todos lá).
Para trás, uma vitória - fundamental - sobre o Braga após a saída a destempo da Liga dos Campeões frente ao Atlético de Madrid. Mas o momento da semana é mesmo a defesa de Cláudio Ramos no jogo em que quase nada se jogava. Livre, vindo do Tondela, o internacional português teve que esperar mais de um ano para se poder estrear a titular no FC Porto, passando a época anterior a seco. Desconheço se terá havido mais motivos para além da intrínseca qualidade de Diogo Costa e de Marchesín (a avaliar pelas palavras de Vítor Bruno, não). Fica assim reposta a justiça no marcador. Sem ele, o estreante Cláudio Ramos, o "shot" teria vindo, inapelável e àquela hora mortífera, do adversário.
Para um Réveillon antecipado
Depois da vitória do Sporting em Barcelos, compete ao FC Porto lutar pelo regresso ao primeiro lugar, após uma noite a sonhar com a conquista dos três pontos em Vizela. Hoje, é o dia de materializar essa superioridade, supremacia que espelha bem mais do que um sonho. O Vizela que, em caso de vitória ou empate, ascende à primeira metade da tabela com um jogo de atraso, é uma equipa equilibrada e que vendou muito cara a derrota caseira frente ao Benfica (golo aos 90+8 por Rafa, na última jogada do desafio). Só a vitória permite ao FC Porto esperar no topo da classificação, preparando - precisamente - o encontro com o Benfica no dia 30 de dezembro, a última jornada da Liga em 2021. Na quinta-feira, o jogo para a Taça de Portugal, servirá de aperitivo clássico (e que aperitivo!) para o que se espera vir a ser um Réveillon antecipado com as águias. Mas não há caminho que se faça para os dois jogos com o Benfica que não passe por uma vitoria hoje em Vizela. Só os três pontos desta noite nos permitirão virar o ano no lugar para o qual a equipa tanto tem batalhado.