Milhões sujos de Sobrinho vão passar entre os pingos da chuva até caírem num bondoso esquecimento

1 - Obrigado, Almirón! Obrigado do coração por aqueles golos que marcaste aos minutos 22 e 44 da noite de terça feira na baliza Sul da nossa Catedral. Foram mais do que oportunos, foram um fármaco contra a euforia desmedida que, se o jogo tivesse acabado 3-0, teria tomado conta de parte significativa da família benfiquista. Assim, ganhámos por aquele "score mínimo" que mantém, para além da equipa, os adeptos de "fogos acesos". Ganhar na pré-época, antes da hora, "é melhor do que perder", como diria La Palisse se falasse futebolês, mas não mais do que isso - bom mesmo é ganhar na hora certa, nos jogos a doer, nos que carimbam títulos e enchem com taças o fantástico Museu Cosme Damião.

2 - Estou farto de dizer, e escrever: os adeptos de futebol são bipolares - e são-no de tal forma que dois "Almiróns" foram suficientes para que vários benfiquistas passassem da euforia à depressão, ou, vá lá, porque estamos em pré-época, do otimismo à preocupação. Amigos, temos um treinador novo, um sistema de jogo que é uma completa rotura com o das últimas épocas, ousado, que exige tempo, que está em construção, logo longe da maturação, e já há quem esteja a ver tanto problema por termos sofrido dois golos do Newcastle? Se num mês de trabalho Roger Schmidt conseguiu transformar tanta coisa (mais o Florentino!), não é expectável que a equipa continue a evoluir, a melhorar, a corrigir deficiências?

3 - Se Joaquim Gomes, que foi um atleta de elite e é hoje um importante gestor desportivo, afirmou, com manifesto conhecimento de causa, que a "corrupção existe em todo o mundo e anda de mão dada com a ambição", eu, que já ouvi muitas histórias sobre batota com doping no futebol, gostava de saber o que é que a Autoridade Antidopagem anda a fazer para que nas nossas ligas profissionais, pelo menos nestas, a ambição de ganhar não ande de mão dada com a corrupção. Há não muito tempo, o Benfica solicitou controlo antidoping nos clássicos - pois continuamos à espera.

4 - Álvaro Sobrinho é acionista de referência da Sporting SAD - nela detém uma percentagem de capital superior à que Luís Filipe Vieira e José António dos Santos têm, somados, na SAD encarnada. Segundo o DCIAP, Sobrinho socorreu a sociedade leonina com 15M€ provenientes de desfalques que terá efetuado no BES Angola. É certo e sabido que se o dinheiro tivesse rumado ao outro lado da Segunda Circular teríamos (mais) um caso nacional, com aberturas de telejornais, alertas da treta, buscas com repórteres previamente avisados para que o espetáculo tivesse o maior impacto possível e o nome do Benfica mais facilmente fosse atirado para a lama. Neste caso - e não é preciso ser bruxo para adivinhar -, os milhões sujos de Sobrinho, tal e qual os VMOC da concorrência desleal, vão passar entre os pingos da chuva até caírem num bondoso esquecimento.