PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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A análise de uma época não pode deixar de se debruçar sobre como correram as coisas em termos de futebol jovem.
Ainda mais nos dias de hoje em que formar jogadores, fazê-los crescer em todos os níveis, integrá-los no futebol sénior e depois transferi-los se tornou uma estratégia tão importante como óbvia.
Infelizmente, o balanço que podemos fazer é sombrio. A começar com a trajetória da equipa B, em que o impensável aconteceu. Uma equipa que chegou a competir no segundo escalão nacional e que ainda o ano passado lutou para lá voltar, acabou despromovida para a quarta divisão. Sabendo-se quão importante tem sido a equipa B desde que foi criada (importância reforçada por tudo o que aconteceu ainda esta época em que metade da equipa titular de lá saiu) percebemos bem a gravidade do sucedido.
O quarto escalão não é definitivamente aquele em que queremos ver os nossos meninos a crescer. Não só porque o nível competitivo é fraco, mas também porque é muito mais difícil atrair jovens jogadores de outras paragens para lá competirem, com a promessa de que o salto para equipa principal é viável. Daí que, no próximo ano, a aposta na subida tem de ser decisiva e decidida.
Esta época foi também marcada pela extinção da equipa de sub-23. Bem sabemos que a fundamentação para a sua extinção foi mais financeira do que estratégica. Mas se assim é e uma vez que a esse nível as perspetivas devem melhorar nos tempos que aí vêm, esse é um investimento que a direção deve retomar o mais rápido possível. Sem ele, creio que o nosso edifício da formação estará sempre incompleto.
Já nas camadas jovens, as coisas também não foram simpáticas. Os sub-19 não participaram sequer no apuramento para campeão. Ao contrário, os sub-17 e os sub-15 estão a terminar esse apuramento, embora distantes da discussão dos respetivos títulos. Se é certo que os títulos, nestes escalões, não são tudo e porventura nem serão o mais importante, também é verdade que formar a ganhar é sempre melhor, pelas razões que todos intuem.
Tempo, por isso, de repensar a estratégia e de tomar medidas. O dinheiro gasto no nosso futebol jovem não é despesa, é investimento. E um clube como o Vitória precisa como pão para a boca das receitas desse investimento.