Mais do que chorar sobre a formação derramada, interessa como o FC Porto vai reinvestir
VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Em janeiro, vimos Luis Díaz na sua jogada mais alucinante e perigosa, pelas mãos de quem decide e não pelos seus pés.
O FC Porto resolveu vender o colombiano por absoluta necessidade, abalando a equação de um conjunto de acertos que podiam ter resvalado para o descalabro. A meio da época, sem garantias de que a equipa não perderia centelha, abdicámos do nosso maior desequilibrador. A equipa transformou-se, cresceu, outros jogadores assumiram e lográmos ser campeões, vencendo a Taça de Portugal.
Após essa venda, o FC Porto precisa, ainda e agora, de realizar cerca de 70M para manter o equilíbrio das contas. Com a venda de Fábio Vieira para o Arsenal e da previsível saída de Vitinha para o PSG, avança o tumulto no coração dos adeptos. Saem dois dos mais promissores jogadores do plantel, obviamente cobiçados no mercado por serem... dos melhores. Se não fosse assim, não custava.
No FC Porto restarão, agora, não mais do que 5 jogadores com mercado. Nesse contexto e dos agentes "realpolitik" do futebol, tudo está envolto em movimentos de conta corrente em permanente actualização. Fábio Vieira, provavelmente aquele que mais gostaria de ver crescer de azul e branco, não era titularíssimo com Sérgio Conceição e essa circunstância acaba por atenuar o desgosto perante um negócio interessante, tendo em conta a necessidade imperiosa de vender. Já Vitinha, pelo qual o Wolverhampton não deu 20M€, sairá pelo valor da cláusula de rescisão (ao contrário de Fábio Vieira e à semelhança de Fábio Silva) entretanto revista para 40M€. Contestar o valor das cláusulas de rescisão não pode fazer esquecer o contexto do passado recente. Anda sem a percepção de quem irá arcar com a comissão ao agente, ver sair o "maestro" é duro. Gerir as expectativas, um valor muito alto a pagar. Mas e se saísse Evanilson (que teve uma proposta muito interessante), Pepê, Uribe ou Diogo Costa? Nenhum nos pouparia a um desgosto.
Mais do que chorar sobre a formação derramada, interessa-me saber o que fará o FC Porto com a bolsa de "excedente" para reinvestimento que a venda destes jogadores proporcionará. Haverá alguma margem. Tendo em conta a necessidade de (pelo menos) contratar dois centrais, um médio e um ala, que sejamos capazes de olhar para os bons exemplos recentes: Evanilson e Pepê chegaram, respetivamente, por cerca de 9,5 e 14,5 milhões e, hoje, estão noutra galáxia de rendimento e de futuras mais-valias. Mais assim, para ganhar sem jogar no vermelho.