Liga 2022/23 está aí à porta e não se conhece uma medida tomada para garantir a verdade desportiva
A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Juro que me espantam os continuados elogios que parte da comunidade futebolística nacional dirige à gestão da Federação Portuguesa de Futebol - basta atentar na Arbitragem, que, apesar do VAR, ou com a ajuda deste, está no pantanoso estado que se conhece; e na Disciplina, que esta semana somou mais um absurdo à sua extensa lista de decisões indecifráveis, aplicando a Fábio Coentrão um castigo mais de um ano depois do jogador ter pendurado as botas! A Liga 2022/23 está aí à porta e não se conhece uma medida que tenha sido tomada para garantir a verdade desportiva da competição. Vale, pois, a pergunta: a quem serve este estado de coisas?
2 - Enquanto modesto adepto de bancada, atrevo-me a pedir transparência nas nomeações, avaliações e classificações dos árbitros; "jarras" à séria para os autores de erros grosseiros; medidas que protejam os árbitros da pressão que sobre eles é recorrentemente exercida; árbitros estrangeiros para jogos decisivos; alargamento das linhas de fora de jogo do VAR; publicação dos áudios entre VAR e árbitros. No médio prazo, o Conselho de Arbitragem fora da alçada da FPF e da Liga, gerido por entidade independente, profissionalizada e auditada; por fim, já que o VAR funciona remotamente, que seja feito a partir de fora.
3 - Quanto à Disciplina, pedem-se prazos curtos para as decisões, castigos pesados para os prevaricadores e altamente agravados nos casos de reincidência. No médio prazo, o Conselho de Disciplina, tal como o de Arbitragem, gerido por entidade independente, profissionalizada e auditada.
4 - Uma vez que a incapacidade reformista reina na FPF e na Liga, e porque o Governo já se meteu a legislar sobre matéria da exclusiva conta do futebol - a centralização dos direitos televisivos -, exige-se agora que, para além do acima sugerido, tome medidas concretas para impedir outras aberrações, tais como os vergonhosos perdões bancários que deturpam gravemente a concorrência, que se quer leal, e os prémios por objetivos nas transferências entre clubes da mesma competição, que criam suspeitas sobre que resultado mais interessa nos jogos entre eles.
PS - Boa primeira parte do Benfica contra o Nice. Nesta altura da época vale o que vale, isto é, muito pouco. Aguardemos, com esperanças renovadas, pelas eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões.