Opinião do jornalista Carlos Flórido
Corpo do artigo
Não é só por opção da organização para favorecer as equipas nacionais, nem por uma questão de poupança nas verbas a pagar a visitantes, que a Volta a Portugal passou a ter, há demasiados anos, um pelotão internacional muito fraco. A verdade, triste de escrever, é que a maioria dos corredores estrangeiros não gosta da maior corrida portuguesa, porque é dura, é abrasadora e, gota que lhes faz transbordar o copo, levam tareias fenomenais de equipas para eles desconhecidas.
A desconfiança foi ganhando corpo nas últimas duas décadas - antes disso eram os italianos carregados de EPO a dar cartas, convém recordar já... -, alguns encheram-se de coragem e gozaram com os ciclistas portugueses nas redes sociais, criando uma tempestade perfeita em torno da Volta, corrida maldita entre a gente mais cotada das bicicletas internacionais.
Este ano pode mudar tudo. Um espanhol simpático (e famoso no pelotão) chamado Maté desfez-se em elogios à corrida depois de vencer na Guarda, a modestíssima Vorarlberg está de camisola amarela e, dado fundamental, tanto a equipa austríaca como a Euskadi continuam entre as candidatas ao bolo maior a três dias do fim. Como essas boas notícias confirmam o que haviam dito aos estrangeiros à partida - "Ah, agora estes portugueses são todos controlados pelo passaporte biológico?", espantaram-se -, a Volta tem a sua oportunidade para ser de novo bem vista.