PASSE DE LETRA - Opinião de Miguel Pedro
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1 - Uma semana de contrastes: começou com uma Gala da Legião de Ouro de celebração da comunidade bracarense, com alegria, boa disposição e celebração da "cultura guerreira" e, a meio da semana, um balde de água fria, com mais uma goleada no campo do Sporting, que nos fez, a todos, moderar ímpetos festivos.
Esperemos que hoje, frente ao Famalicão, se confirme que as derrotas por goleada em Alvalade são, para o Braga, um tónico de competitividade e que dão início a um ciclo de jogos 100% vitoriosos. Foi o que sucedeu após a derrota na Taça da Liga, com cinco vitórias seguidas.
Pelo meio, a transferência de Vitinha para o Marselha, por números recorde (32 M€), a confirmar o que todos já sabemos: a aposta e o investimento no processo formativo da Academia já se pagou a si mesmo e será uma permanente fonte de financiamento no futuro.
Um dos momentos mais engraçados da Gala prendeu-se, precisamente, com Vitinha que, no discurso de agradecimento do prémio, no seu jeito peculiar, prometeu que iria continuar a trabalhar para ajudar o SC Braga a alcançar os objetivos, o que mereceu gargalhada geral do público, pois nesse momento já circulava pelos vários meios a certeza da sua transferência milionária.
2 - É difícil ser treinador de futebol: no final dos jogos, é sempre fácil criticar as opções táticas, se o resultado do jogo for uma derrota. A verdade é que Artur Jorge arriscou bastante ao montar a equipa para defrontar o Sporting, prescindindo do 4x4x2 que tem dado bons resultados e optando por um 3x4x3 que, com o decorrer do jogo, se mostrou infrutífero. Em vez de fortalecer o meio-campo, e face à forma como o Sporting se apresentou, o sistema tático do Braga acabou por fazer desaparecer o seu miolo ofensivo. Devorou-se a si próprio.
E depois, claro, com a expulsão de Niakaté (manifestamente exagerada e a denotar grande falta de bom senso do árbitro - para mim, o maior pecado da arbitragem portuguesa é a falta de bom senso na aplicação das regras, que explica bem a ausência de árbitros portugueses no Mundial 22), o jogo tornou-se insuportável e eu só desejava que terminasse. E terminou, com um Braga prostrado, deprimido e triste.
Mas eu tenho a certeza que foi só um dia mau no trabalho ("bad day at the job", na expressão inglesa), o que, de vez em quando, nos acontece a todos. Como disse Confúcio: "Cair, todos caímos; o segredo do sucesso está em como nos levantamos".