HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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Indiscutível é Zaidu. Porque a estratégia portista passa muito por pressionar os laterais contrários usando os seus próprios laterais e, deste modo, o nigeriano assume um papel determinante. Pedro Porro - que é como o dólar pois melhor ou pior é sempre uma moeda forte - não teve outro destino que não fosse o de levar com uma verdadeira "montanha com pernas", que inibiu o Sporting de capitalizar o jogo pelo corredor direito.
Aliás, tudo começou em Zaidu. Frente ao Marítimo, primeiro jogo, na pressão efetiva que resultou no golo de Taremi. E tudo também passa por Zaidu. Sem bola e com coerência tática: porque se a bola cai no corredor direito, compete a João Mário fazer a pressão desse mesmo lado, com Zaidu a ter de recuperar a posição original. Limado ao detalhe.
O papel dos laterais tem sido fundamental num FC Porto dominador. Se falta criatividade? Sim. Mas a questão é outra: se a criatividade não tem de ser a solução de tudo, também o ser mecânico não tem de ser desprestigiante. Um FC Porto de jogadores "multifunções" - a equipa mais forte deste início de temporada.
Matheus Uribe: ginástica tática dos dias
Depois de uma gastroenterite que o limitou frente ao Vizela, eis que apareceu em grande frente ao Sporting. Desde logo do ponto de vista tático: com os laterais subidos no terreno e os centrais a tenderem para os corredores, competia a Uribe recuar no terreno e assegurar a salvaguarda da zona central da defesa. No plano ofensivo, a mesma simplicidade de processos: num emaranhado de pernas leoninas, soltou João Mário para o lance que resultou no primeiro golo. A cumprir a sua quarta temporada com a camisola dos dragões, continua a ser preponderante em todos os domínios do jogo, garantindo aquele trabalho invisível que consolida e faz crescer a equipa.
André Horta: início fulgurante
A dupla André Horta/Al Musrati tem sido das mais interessantes da liga e, valha a verdade, a principal responsável pela "máquina de golos" em que se transformou o Braga deste início de temporada. Muito sólido no passe e fiável no processo de construção, a preponderância de André Horta tem sido fundamental nos equilíbrios da equipa e também na sua rutura controlada. Frente ao Marítimo, combinação perfeita com o irmão Ricardo (sem golos mas em boa forma), que resultou no golo de Vitinha. Com um início de temporada bastante estável e equilibrado, André Horta confirma-se como uma referência deste Braga que "joga muito à bola"!
Guga: critério e qualidade
Não engana: a qualidade está lá de forma evidente e não espanta que toda (ou quase toda) a dinâmica ofensiva do Rio Ave passe pelos pés de Guga. Formado no Benfica, assegura clarividência no processo ofensivo, sempre com os olhos colocados nas melhores soluções e nas possíveis fragilidades da equipa contrária. Num Rio Ave que regressou à liga principal e que tem bons valores, Guga é também um elemento versátil, podendo ocupar várias posições do meio-campo sempre com competência assinalável. Frente ao Estoril, foi o principal responsável por levar o Rio Ave para zonas mais adiantadas e, com isso, alcançar um empate precioso ante um rival complicado. Em grande!
Slimani fora-de-jogo
Diz Slimani que Rúben Amorim "não gostou que tivesse jogado bem para obrigá-lo a tirar o Paulinho." Quando se contrata um treinador contrata-se uma ideia de jogo e a de Amorim é clara: avançados móveis. Quando um jogador vai para uma equipa tem de conhecer o pensamento do treinador. Assim sendo, por que motivo Slimani regressou ao Sporting?