VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Um golo madrugador na noite de ontem, permitiu uma entrada como há muito não se via, por cima do jogo e com vantagem material no resultado pelo minuto 3. O FC Porto não marcava tão cedo há muito tempo. Nada melhor para ultrapassar um eventual bloqueio que a injusta derrota em Madrid pudesse ainda fazer pender sobre o Dragão que, depois, foi obrigado a respirar transpiração.
Acusado - numa campanha persecutória sem precedentes - de ser um simulador profissional, Taremi respondeu com a habitual inteligência em jogo.
O golo de Taremi foi um anticlímax servido aos demagogos. Acusado - numa campanha persecutória sem precedentes - de ser um simulador profissional, o jogador respondeu com a habitual inteligência em jogo. E, como tantas vezes, com um árbitro inconscientemente condicionado a julgar evidências por simulações, a levantar o Dragão com os seus golos, assistências, passes com tempo e medida, complementaridade coletiva, sentido de oportunidade e voluntarismo. A assistência para o golo de Evanilson é a prova do persa: antecipando-se ao adversário, como tantas vezes se antecipa aos guarda-redes levando-os a cometer penáltis, corre para a área, inflete para a baliza sem nunca perder a noção da jogada que decorre muito para além dos seus próprios pés e assiste Evanilson. Com a melhor entrada numa época desde que chegou a Portugal (6 golos em 8 jogos), Mehdi Taremi está pronto para continuar a cavar fundo na depressão de quem ainda não percebeu que quanto mais lhe batem, mais ele gosta da baliza.
A necessidade de gerir a condição física da equipa, impôs mudanças e estreias nas opções de Sérgio Conceição. Fábio Cardoso, em "première" absoluta esta época, emparelhou com David Carmo, recém-chegado à titularidade. A dupla mostrou acerto e alguma fortuna. David Carmo, sobre quem foi cometido um penálti não assinalado numa dualidade de critérios gritante, ganha minutos em consistência. Fábio Cardoso, pelo lado direito, foi capaz de ajudar João Mário nas compensações defensivas e ganhou créditos.
Sem Otávio e sem Pepe, a equipa reflete em campo a ausência de um "patrão", mas uma outra dupla, Uribe e Pepê, assume o legado: Uribe, a todo o tempo e Pepê, em todo o lado. Notas do banco para os bons minutos em estreia de André Franco, coroados com um golo que só é possível para quem acredita e está em jogo para carimbar e, uma vez mais, para os bons apontamentos de Veron, a assistir e a rematar. Esperam-se regressos particulares, assim como às vitórias, já na próxima terça-feira, na partida que nos voltará a colocar em jogo na Champions, frente ao Brugge.