VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Faltam 9 jogos para o fim do campeonato e, com 6 pontos de avanço (mas desvantagem em caso de empate pontual), todos os jogos são agora uma final. O Sporting, já fora das competições europeias, centra toda a atenção dentro de portas e o mesmo poderá acontecer ao FC Porto, caso não vença o Lyon na próxima quinta-feira. Pode o FC Porto ser campeão nacional, prosseguindo na Liga Europa? Certamente que sim.
O batimento cardíaco deste plantel já realizou todas as provas de esforço, batendo compassado e comprometido com a exigência que cada jogo coloca e que Sérgio Conceição assume e impõe. Mas, para tal, terá de assumir maior rotatividade no centro do terreno, o pulmão da equipa. Em muitos jogos, é o pulmão que comanda as pernas.
É evidente, até porque já sucedeu mais do que um par de vezes: o pulmão fraqueja, as pernas ficam mais pesadas e lentas. Sucedeu frente ao Gil Vicente o que já tinha assomado no último quarto de hora com o Moreirense e o que foi absolutamente claro a todo a todo o tempo contra o Lyon. A equipa quer, quer muito, até joga bem e cria oportunidades, mas o ritmo e a energia são menores. Perdendo eficácia, fruto de alguma falta de discernimento, coloca-se numa posição desconfortável. Sendo natural pela quantidade de jogos sucessivos nas diversas competições, esta perda de intensidade é terrível para as características de jogo que Conceição trabalha como distintivo maior de superioridade da equipa face aos seus adversários: o de nunca deixar de aliar qualidade e intensidade.
Inicia-se hoje um miniciclo muito exigente em termos físicos. Três jogos em oito dias (Tondela, Lyon e Boavista), antes da pausa para o "play-off" do Mundial de seleções. A natureza da evidência já foi destacada pelo próprio Sérgio Conceição ao admitir que, frente ao Lyon, colocou em campo quase a mesma equipa que havia jogado três dias antes com o Paços de Ferreira (numa das melhores exibições da época) na esperança de poder "resolver" boa parte da eliminatória no Dragão. Procurava-se apostar no momento para gerir mais tarde, antes do jogo com o Boavista, aquele que o treinador aponta como o mais perigoso do ponto de vista da gestão física da equipa (o último da série de 3 e onde haverá apenas 2 dias de preparação e descanso entre jogos). A equipa necessitou de dois dias para se recompor fisicamente entre o Gil Vicente e Alvalade, mas cada dia releva superiormente a cada semana de desgaste. A rotação já exige rotatividade.
A "gestão inteligente e criativa" que Sérgio Conceição refere como indispensável, não pode comprometer o campeonato, desígnio maior. E é por isso que o jogo de hoje com o Tondela não pode ser amante de poupanças estratégicas para Lyon. Otávio está fora da 2ª mão da Liga Europa e será titularíssimo no Dragão e no Bessa. Pepe correrá por fora, veremos até quando e Fábio Cardoso ou Rúben Semedo serão opções puramente técnicas para a dupla com Mbemba. Mas a opção por Fábio Vieira, Francisco Conceição, Grujic, Bruno Costa, Toni Martínez ou Galeno, terá de ser equacionada no conjunto dos três jogos que aí vêm. Desejando que não haja prolongamento no jogo em Lyon, Sérgio Conceição terá de traçar o plano antevendo um jogo de 270 minutos e não de 90.