A análise de Luís Freitas Lobo à final da Taça de Portugal, que o FC Porto venceu ao Braga por 2-0.
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Foi um jogo de diferenças claras. Olhando como atacaram, a distância da iniciativa à expectativa.
O Braga esperando. Jogando por uma bola. O FC Porto procurando. Jogando por (e com) todas as bolas.
Mais do que a equipa, hesitante em decidir como sair quando recuperava a bola (e perdia-a logo pouco depois), foi o guarda-redes, Matheus enorme, que manteve o "Braga de expectativa" no jogo. Conseguiu levar assim o 0-0 até ao intervalo.
Quando a busca ofensiva portista ganhou a profundidade certa que lhe faltava (bastou, para isso, o bloco do Braga querer dar uns passos em frente) encontrou o golo. Nunca, porém, se enervara. Teve, durante todos os momentos, o domínio do jogo.
2. FC Porto: domínioe controlo
A expulsão de Wendell ameaçou mudar a tendência do jogo. Artur Jorge despejou avançados em campo mas a falta de critério e plano ofensivo para procurar o golo deixou, mesmo em superioridade numérica, o controlo do jogo na organização defensiva portista. Passou então a ser o FC Porto a farejar o erro. Ele apareceu. Forçou a expulsão de Niakaté e pouco depois, com a profundidade esburacada, fez o 2-0 colocando o resultado na diferença certa que o jogo mostrou.
A intenção de ganhar um jogo (isto é, criar oportunidades para o fazer) pelo contra-ataque, depende não da equipa que o quer fazer, mas dos erros da outra em desequilibrar-se.
O Braga tem futebol e jogadores para jogar com outra iniciativa mesmo estes jogos. Em nenhum momento o FC Porto se desequilibrou. Fez uma exibição rigorosa com e sem bola. Desequilibradora a atacar, segura a defender. Viu quase sempre bem a linha do último passe. Nem sempre teve a melhor finalização mas teve o domínio dos espaços que ora controlaram o meio-campo, ora tiveram a bola a pensar e circular em ataque organizado.
3. Otávio e Pepe sabem tudo
O Braga voltou a não conseguir libertar-se nestes confrontos contra equipas grandes. Pouco se viu de Bruma ou Ricardo Horta. Quis ser demasiado estratégico e acabou com um excessivo peso tático amarrado aos pés. O FC Porto impôs a sua força de pressão, recuperação (impressionante Pepe a marcar, intimidar e cortar) e ataque associativo, com Taremi a mostrar e esconder a bola, libertada pelos melhores passes do jogo malandro que "sabem tudo" de Otávio.