VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Se mais vale um pássaro na mão, a boa notícia que se serve a azul e branco é a de que, esta época, o dragão meteu uma águia no bolso e, ato contínuo, domou um leão.
Que ninguém acredite em facilidades ou vencedores antecipados a não ser que ver a dobrar seja o espelho de um qualquer problema de visão. A vitória serve-se humilde.
Não é de somenos numa corrida a três, onde o Sporting partia de um posto no qual não se via há duas décadas e onde o Benfica saía da casa de partida com um treinador obrigado a ser campeão-após-resgate com sotaque do Rio de Janeiro. Mas foi em dezembro que Jesus se despediu e foi até à penúltima jornada de maio que Amorim se aguentou. A luta pelo título nacional fechou com duas festas enormes na cidade, no país e em todo o mundo onde vibra o portismo. No dia seguinte, comemorado o trigésimo, só havia olhos para ver a dobrar. E pode ser já hoje, com a conquista da "dobradinha", se o FC Porto erguer a Taça de Portugal.
O princípio da desconfiança aplica-se sempre a finais. Em finais da Taça de Portugal já assistimos à coroação dos favoritos e às surpresas de muitos David. Os Golias também se abatem e a História está repleta de bons exemplos. Respeito. O Tondela desceu de divisão quando podia ter deixado quase tudo resolvido pelas oportunidades criadas frente ao Vitória de Guimarães e Paços de Ferreira. Depois, as duas últimas jornadas ditariam a descida da equipa que mais golos sofreu na Liga mas também aquela que apresentou o oitavo ataque mais concretizador (41-67). Números atípicos que devem adensar o capital de desconfiança, sobretudo se às estatísticas somarmos o orgulho ferido dos beirões. Que ninguém acredite em facilidades ou vencedores antecipados a não ser que ver a dobrar seja o espelho de um qualquer problema de visão. A vitória serve-se humilde.
Despedidas. Não é a primeira nem será a última, a não ser para boa parte dos jogadores do Tondela. E isso deve significar "o jogo das suas vidas". Para a dupla de centrais do FC Porto, realidades distintas. Mbemba fará o seu último jogo no clube e Pepe, aos 39 anos e contrariando todas as probabilidades, já referiu que não lhe passa pela cabeça que seja este o último título que conquista no FC Porto. O treinador Sérgio Conceição, que já perdeu e ganhou finais da Taça, nunca ganhou nenhuma no Jamor. Com dois anos de contrato e pela vontade de todos, não pensará em despedidas mas apenas na sua primeira vez. Que seja uma final memorável e que nos guie até à Supertaça. É claro que já temos essa debaixo de olho.