VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
Corpo do artigo
1 - Há certezas que nenhuma entrada em falso esconde. A falta de exuberância exibicional demonstrada no início desta época nunca pôs em causa a certeza da competitividade e da luta colectiva da equipa.
O empate atirou a equipa para o suplemento de alma e de volta ao ferro. Ganhar assim, uma vez mais, tem que motivar todos
A capacidade competitiva é um dado adquirido, o antes quebrar que torcer um dado objectivo. O FC Porto não desiste, mesmo para as dioptrias dos nossos adversários. É evidente que isso não contenta os adeptos, apenas os satisfaz em caso de vitória. Se no terreno nacional há muito para crescer, a nível europeu a equipa parte com menos dúvidas sobre a sua capacidade e sobre o que tem que fazer, facto comprovado uma vez mais frente ao Shakhtar Donetsk. Como se na Liga dos Campeões os campos fossem mais largos e maiores, como se a conquista dos três pontos fosse mais apetecível. O espaço nos jogos internacionais parece mais alinhado com o nosso plano de jogo. Já o espaço nos jogos da Liga nacional conquista-se mais a ferro do que a fogo.
2 - Com fogo de Dragão, Galeno parte para uma exibição gigante (votado como o melhor jogador da jornada 1 da Champions), prova do seu valor e crescimento desde que chegou para "substituir" Luis Díaz. Quando o espaço existe, Galeno consegue ser exuberante e, neste caso, marca dois golos e assiste outro. Está nos três golos. Quando o FC Porto é obrigado a jogar a ferros, diminui a sua preponderância, acompanhando o passo acidentado da equipa. Sérgio Conceição reconhece-o: "acho difícil fazer piores exibições do que já fizemos". Apesar deste ser o segundo melhor arranque de sempre na Liga desde que orienta a equipa e do FC Porto já não entrar a vencer na Champions desde 2014/15, é perceptível que a liderança partilhada em ambas as competições não satisfaz a exigência de treinador e adeptos. E é também por isso que esta equipa está condenada a crescer.
3 - De volta ao Dragão, frente ao Gil Vicente, pedia-se mais fogo do que ferro, exigia-se que o dragão validasse o crescimento que o andamento europeu parecia anunciar. Sem colocar em causa os três pontos, antes da ida à Luz. Para tal, a progressiva integração dos reforços seria fundamental. A primeira meia hora encontrou o mesmo FC Porto que entrou na Supertaça, forte e contundente. O empate atirou a equipa, uma vez mais, para o suplemento de alma e de volta ao ferro. Ganhar assim, uma vez mais, tem que motivar todos. Sobretudo com trinta minutos numa entrada de dragão, capacidade, envolvimento e superação. Ao fechar do pano, a estrelinha de campeão.