VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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O conservadorismo de início de época tem razão de ser. Com o primeiro embate oficial a valer um título, a primeira prova é mesmo a queimar e promete traçar os humores e seus vários degraus para a época.
As boas surpresas também aparecem com notícias sobre regressos. A forma tenaz e definidora como Romário Baró surge na pré-temporada, é surpreendente
Com um FC Porto-Benfica a dez dias do arranque no horizonte da conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, dia 9 de agosto, e com "apenas" dois reforços no boletim identitário para a época, Sérgio Conceição tem optado por manter a estrutura do onze base da época transacta, na busca do transporte do "élan" do terço final para o início de 23/24. A série de vitórias consecutivas tem tido alguns engulhos nesta pré-época, mas o que é oficial que se materialize. O mundo (até o do futebol) está repleto de bons ensaios e nenhuma conquista. Depois de uma derrota ingrata com Wolverhampton, o empate na apresentação aos sócios frente ao Rayo Vallecano diz bem do que este despertar de época pode trazer: a segurança faz parte do progresso inicial.
As boas surpresas também aparecem com notícias sobre regressos. A forma tenaz e definidora como Romário Baró surge na pré-temporada, é surpreendente. Recuperado para o que parecia ser uma mera contabilização de números iniciais, o campeão europeu de sub-19 entrega bom sobressalto às escolhas de Conceição para o meio-campo ofensivo e uma multiplicidade de opções para novas soluções de jogo. Aí está o novo projecto de um jogador que se parecia adiar, dentro do plano de jogo e a mostrar capacidade para poder fazer parte dos ases e trunfos.
De um regresso e duas contratações se fazem os novos actos. A estreia a marcar de Fran Navarro e os belíssimos apontamentos que tem deixado em muitas jogadas soltas, são declarações de arremesso à titularidade a médio prazo. Nada que espante quem o viu a jogar duas épocas ao mais alto nível no Gil Vicente, com golo, faro e instinto. A apresentação de Nico González, confirmada em pleno Dragão, reforça um sector que não pode viver preso por pontas. Como seria extraordinário se na latitude de outras pontas, se resolvesse a equação que vezes de mais atira Pepê para uma zona defensiva onde só deveria situar-se por recurso e não por defeito. Também aqui, a prioridade não é nada lateral e deveria ser encarada de frente. Continuamos a começar a olhar para os lados enquanto sonhamos com todas as conquistas.