A Jogar Fora - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu.
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1 Há resultados que valem mais do que os "jackpots" que lhes estão associados.
Os mais de noventa minutos do Philips Stadion foram a pista de combate - quem fez tropa sabe o que isto é - cujo resultado General algum ousaria reprovar, ou, se preferirem linguagem civil, a prova de fogo que qualquer especialista em "team buiding" validaria sem pestanejar.
Se à indiscutível qualidade do plantel se juntar - sempre, jogo após jogo, cá dentro e lá fora - aquela atitude coletiva, aquela capacidade de luta e aquele espírito de sacrifício, então, meus amigos, a época 2021/22 pode trazer a todos nós, benfiquistas, um mês de maio para mais tarde recordar.
2 Em Eindhoven, todavia, o Benfica não ganhou título algum, nem trouxe na bagagem de regresso a casa qualquer taça para adornar os já repletos expositores do lindíssimo Museu Cosme Damião. E, por mais que a dramatização que antecedeu o jogo o fizesse ser olhado como se de uma final se tratasse, o clube garantiu, tão só, o lugar que pela sua história e pela sua grandeza jamais pode deixar de ser continuadamente o seu: a presença na fase de grupos da maior competição de clubes do mundo. Agora é que as coisas vão começar, e de que maneira, a aquecer. Carrega Benfica!
3 Sérgio Conceição teve absoluta razão, pelo que não tenho como lha não reconhecer: o relvado dos Barreiros estava impróprio para ali se disputar um jogo de uma competição amadora, quanto mais de uma liga profissional. Contudo, Carlos Pereira também acertou em cheio na crítica: sempre que não ganha, o treinador do FC Porto procura razões alheias para explicar insucessos seus - ele é o antijogo, o árbitro, o relvado, o tempo útil, o VAR, os adversários que por azia deixa de mão pendurada, enfim, é o diabo (perder pontos). Depois de merecidamente vencer no magnífico tapete do Dragão a época passada, pode bem o presidente do Marítimo concluir que é compensador o esforço de investir num bom relvado - a sua equipa, como as adversárias, sairia a ganhar; o espetáculo, então, nem se fala; e a Liga escusava de passar pela vergonha de interditar o relvado - até para treinos! - a reboque dos protestos do técnico portista.
4 Chega a ser anedótico o tempo que os golos do Benfica demoram a ser validados pelo VAR - parece até que espiolham as imagens muito para além do necessário na desesperada tentativa de que do nada lhes surja uma qualquer minudência que permita empurrar o juízo do árbitro para a ambicionada anulação. E se há aqui e ali golos que podem justificar um escrutínio mais arrastado, outros há - e são a esmagadora maioria - que ninguém, nem mesmo os que desejam o Benfica entalado a cada lance, consegue entender avaliação tão demorada. O espanto ultrapassa já fronteiras - atente-se no vergonhoso (para a Federação Portuguesa de Futebol, entenda-se) desabafo do comentador francês do canal que transmitiu o jogo de Barcelos: "Não está fora de jogo. Deve estar a encomendar no McDonald"s, só pode. Não sei o que estão a verificar." Não sabe? Leia as linhas de cima, amigo.