VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Ninguém no FC Porto retira os dois pés da luta pelo título após a derrota no clássico que nos deixa a 6 pontos. E, se preciso fosse comprovar o caminho que nos separa do teto dessa ambição, eis um jogo que não retira um milímetro à confiança azul e branca.
Falta de critério disciplinar, em prejuízo do FC Porto, foi o grande erro de João Pinheiro e marca negativa no jogo, influenciando o seu decurso, narrativa e fluência
Dificilmente se encontra prova de superação não superada tão demonstrativa do caráter, denodo e intensidade de uma equipa. Contam-se pelos dedos das mãos os adeptos que saíram do Dragão convictos de que algo terminou à 10.ª jornada. Apesar da tristeza, da azia e das horas que remoem lances e momentos, sobeja o inconformismo de quem sabe, porque viu com os olhos que-este-campeonato-há-de-comer, como 11 contra 11 fomos superiores e, 10 contra 11, partimos para cima do adversário como se tivéssemos um a mais. E aqui ficamos por agora, depois de jogar com os três candidatos ao título, a 6 pontos que dificilmente serão 7 porque vamos à Luz para ganhar. E à 27.ª jornada veremos como estão as contas, a 7 jornadas do fim e para, no momento certo, decidirmos o título. Há muito para jogar quando reentramos a pés juntos. Competência e regularidade.
A jogar cerca de 70 minutos com 10, o FC Porto nunca deixou de estar forte e de procurar o golo. Mesmo nos 23 minutos em que tentava igualar, nunca revelou incapacidade. Com o resultado desfavorável e menos um, disputou cada lance, conquistou terreno, ganhou livres e cantos, ameaçou em velocidade e em pressão, sufocou o adversário (tanto quanto lhe era possível) em muitos momentos. O golo nasce de uma transição rápida que Zaidu não consegue "matar" perto da área adversária e que nenhum jogador do FC Porto foi capaz de controlar. A suportar a pressão portista e por centímetros de desacerto na linha de fora de jogo, foi num contra-ataque que o Benfica chegou ao golo. E isso diz muito da atitude do FC Porto, a querer ganhar na 2.ª parte, mesmo reduzido a 10.
Acertando na decisão de expulsar Eustáquio, Pinheiro fez "Bah" ao não expulsar Alexander, o dinamarquês do Benfica, em lances reiterados, nomeadamente o derrube a Evanilson aos 42'. Essa falta de critério disciplinar, em prejuízo do FC Porto, foi o seu grande erro e marca negativa no jogo, influenciando o seu decurso, narrativa e fluência, permitindo a Schmidt gerir os amarelos ao intervalo, no conforto do balneário. Parece fácil, mas não é para todos. Para Conceição, como para Schmidt e Pinheiro, este jogo foi uma prova de coragem.