HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes
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Três em dezasseis. Só falta o Sporting na próxima fase da Liga dos Campeões. E o desafio dos leões passa por garantir a frescura física necessária para assegurar a qualificação.
Porque o trabalho tático e motivacional de quem foi melhor do que o Tottenham na primeira parte está lá e dá garantias.
O êxito dos "três grandes" na Liga dos Campeões tem várias razões. Diretas e indiretas. Em primeiro lugar, a estabilidade dos treinadores que, com garantia de permanência nos seus cargos, têm condições para desenvolver e maturar os seus modelos de jogo. As direções já entenderam isso e ainda bem. Mérito.
Razão número dois: a fina qualidade dos técnicos dos três grandes, capazes de levarem "trotinetes orçamentais" a fazerem frente aos "Ferraris" desta vida.
E a última das razões advém das anteriores: numa lógica de pirâmide, o bom trabalho das divisões inferiores faz com que não seja uma aberração oito equipas da liga principal serem eliminadas na primeira ronda da Taça de Portugal. Com isso assegura-se competitividade permanente também dentro de portas.
8 Puma Rodríguez: "à hulk"!
Há, no Famalicão, um jogador a despontar e com características diferenciadas: Puma Rodríguez. Extremo esquerdino (aparece sobretudo na direita), com capacidade física e de arranque, tem golo e muita qualidade em todas as ações. Revelação da temporada. Brilhou na Taça de Portugal ao recriar uma situação de passe longo "Diogo Costa-Galeno", concluída na ocasião com um excelente pontapé em arco. Frente ao Boavista, fez uma exibição de arromba e, com um golo e duas assistências, mostrou atributos particulares. Desembrulhou a partida frente ao Paços com um coelho da cartola que colocou Francisco Moura na cara do golo. Excelente!
7 Al Musrati: o pêndulo
Numa partida frente ao Union Berlin marcada pela infelicidade - um lance absolutamente fortuito (excesso de zelo do árbitro?) deu a grande penalidade aos alemães -, Al Musrati voltou a mostrar lucidez assinalável. Sobretudo na primeira parte, quando percebeu a necessidade de serenar o ritmo e, com isso, bloquear o ímpeto de um Union Berlin que apostou muito na profundidade. Sempre como referência em termos de primeira fase de construção, a sua solidez defensiva e capacidade física fazem com que os adversários tenham de procurar outras paragens. A recente renovação representou uma excelente notícia para um Braga que quer continuar a crescer.
9 Taremi: o farol iraniano
O golo que Eustáquio apontou em Brugge diz tudo da qualidade de Taremi: porque qualquer bom avançado teria a tentação de finalizar de forma pronta. Mas os muito bons pensam de forma diferente: receção, rotação e passe simples para Eustáquio finalizar. Exibição de gala na Liga dos Campeões e, nos Açores, foi dos avançados mais inconformados: perto de desfazer a igualdade já perto do fim - cabeceamento para grande defesa de Gabriel Batista - soube recuar e alimentar a linha da frente à custa da sua apurada visão de jogo. Voltando à Europa, as performances de Taremi nos últimos três jogos foram determinantes para os dragões alcançarem os oitavos de final.
António Silva na Seleção? Sim
Estávamos em 2018 quando Fernando Santos convocou Rúben Dias para o Mundial, sem que na altura somasse internacionalizações. O Mundial do Catar vai terminar, a Seleção não e, no caso, há que sustentar a posição do terreno que está mais débil: a de defesa-central. E António Silva tem demonstrado rendimento constante.