Estes jogos, apesar do amargo de boca que deixam, servem contudo para tirar ilações
PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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O jogo de ontem contrastou em boa medida com aquilo que tem sido a performance do Vitória esta época. Na verdade, as nossas melhores exibições tinham sido, até aqui, nos jogos de maior grau de dificuldade: em Braga e em casa contra o Benfica.
Por outro lado, o Vitória tem feito da solidez defensiva uma imagem de marca e mesmo nos jogos em que a inspiração ofensiva não aparece, essa consistência atrás foi evitando males maiores.
Ontem, nada disto aconteceu. E se é justo dizer que não se pode comparar este jogo a tantos outros, porque neste jogamos três quartos dele com menos um jogador, também é preciso dizer que mesmo antes da expulsão o Vitória já tinha demonstrado fragilidades defensivas pouco habituais.
Claro que um jogo é sempre resultado da soma de pequenas coisas e dos acasos que se vão somando e ontem houve vários que nos foram madrastos.
Estes jogos, apesar do amargo de boca que deixam, servem contudo para tirar ilações. E creio que Moreno as terá tirado. Uma tem a ver com a insistência em determinadas soluções que às vezes não beneficiam ninguém: nem a equipa, nem os próprios jogadores.
Outra tem que ver com alguma flexibilidade que devemos ter nas nossas opções. Dizer-se que uma equipa é fiel aos seus princípios pode dar uma frase de belo efeito. Mas se as nossas ideias não estão a resultar naquele jogo, mudar de tática é sinal não de incoerência, mas de inteligência e adaptabilidade.
Ontem, a nossa intenção de sair a jogar com a bola controlada nunca resultou. Perante essa dificuldade, não era nenhum crime de lesa coerência tentar antes esticar o jogo, procurando atacar as costas da defesa leonina, que tão adiantada jogava. Aliás, sendo o Sporting das equipas mais "quadradas" da nossa liga (jogam sempre da mesma maneira) o Vitória tinha mais era de lhes trocar as voltas, colocando-os perante dificuldades inesperadas. E se com onze já assim seria, contra dez ainda mais.
Dito isto, e porque é sempre melhor acabar com um registo positivo, destaco duas notas para terminar. Uma, para mais uma boa exibição de André Amaro, que continua a evoluir com consistência e é já uma das joias da coroa. Outra para o regresso de André Silva. Anderson tem estado muito bem, mas é sempre melhor acrescentar qualidade às nossas opções. E o brasileiro que ontem voltou tem qualidade para dar e vender.