A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Bem pode continuar a esperar sentado quem pensar que algum alto responsável da FPF vai explicar as razões pelas quais deram por terminado, antes do prazo, "o percurso de grande sucesso" de Fernando Santos à frente da Seleção.
Um jogador como Messi não deve fechar a carreira sem ser campeão mundial
Após "oito anos ímpares" e no fim de "uma das melhores participações de sempre da Seleção Nacional em fases finais do Campeonato do Mundo", os dirigentes federativos foram lestos a difundir um comunicado frio e hipócrita, cheio de elogios e palavras de reconhecimento, assim oferecendo a cabeça do selecionador para evitar que continuem a exigir as suas. Não é - estou certo - suficiente.
2 - Mais até do que no resultado, a minha expectativa para Moreira de Cónegos centrava-se na forma como o Benfica se ia apresentar, fora de casa, perante o líder destacado da segunda liga, depois deste estranho período competitivo que tem decorrido desde o início do Mundial. Sossegou-me o que vi, porque bem na linha do que temos apresentado esta época: ritmo, intensidade, sufoco do adversário, oportunidades sem fim. Exigia-se que se apurasse num grupo só com equipas da segunda liga? Claro que sim, mas a Taça da Liga é, claramente, o objetivo menor da temporada - já ouvi até treinadores lamentarem-se de que a aposta forte na "final four" da competição tinha tido influência nefasta para o resto da temporada.
3 - Estive terça-feira, uma vez mais, no Museu Cosme Damião por ocasião da apresentação do livro "Benfica - Talento e Superação", alusivo ao bicampeonato europeu conquistado há 60 anos pelo clube. Aproveitei a ocasião e olhei à minha volta para ver se encontrava por lá algum troféu proveniente de algum recorde - e não consegui ver um único para amostra. Vamos, então, deixar os recordes para quem os tem como objetivo pessoal e olhar os jogos apenas como importantes e decisivos passos rumo a títulos. O empate de ontem soube-me, portanto, a derrota.
4 - Mais logo vou torcer pelo Otamendi, que está a fazer um grande Mundial e é um dos nossos; pelo Enzo, que é um dos nossos e está a fazer um grande Mundial; e pelo Messi, porque um jogador da dimensão do astro argentino, que várias vezes vi tocar o céu, não deve - não pode! - fechar a carreira sem um título de campeão do Mundo no currículo.