É isso que faz dele o melhor de sempre. Incomparável.
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Não sou contemporâneo do tempo em que Pelé jogou mas quando o revejo, através da magia do vídeo, eu consigo ver todos os craques o Mundo, de todos os tempos, condensados nele. Vejo a velocidade de Di Stefano, a inteligência de Cruyff, as fintas e controlos de Maradona e Messi, a impulsão de Ronaldo, a explosão de Eusébio e Ronaldo "fenómeno", a beleza de Zidane. Tantos outros.
Vejo tudo, a cada momento, em diferentes momentos. É isso que faz dele o melhor de sempre. Incomparável. Era o futebol com outro nome no corpo de um ser humano futebolista. Como disse Armando Nogueira, na mais perfeita das definições, "se não tivesse nascido jogador de futebol, Pelé teria nascido bola!". Foi tudo num só jogador. Era, porém, um exemplar que só a América do Sul poderia dar. Como se trouxesse no sangue o ritmo do samba aplicado ao futebol . Uma potência açucarada.
Imagino também, quando vejo, hipnotizado, esses jogos, como seria estar dentro dum relvado e ver Pelé passar por perto. Seguir-lhe os passos, sentir o aumentar da pulsação quando ele se aproximava. Hesitar, ganhar força para o defrontar, com uma bola pelo meio. De todas as respostas que ouvi, terá sido Vítor, antigo defesa do São Paulo, quem melhor traduziu a sensação: "O que assusta é o olhar do Pelé. Há atacantes que olham na bola, outros que olham no olho, outros olham para os colegas. Agora, o olhar do Pelé, eu não consigo entender nem pegar. Parece que só os olhos estão ali no rosto. O olhar não."
É por isso que me fixo tanto no olhar dos craques. É distinto do comum dos jogadores que estão em campo. Se olharem o de Pelé, ele tem, abrindo a visão, o horizonte todo, como "raio x".