VELUDO AZUL - Opinião de Miguel Guedes
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Apesar de ser Corona a fazer as delícias do Transfermarkt, com valor nominal avaliado em 30 milhões de euros, dificilmente saberemos qual o efeito da inflação na determinação do seu valor real.
Mas talvez seja a deflação - ao contrário do que acontece com Luis Díaz, o outro grande ativo do FC Porto - o pior fenómeno a temer na avaliação do mexicano.
Sem entrar nas opções de Sérgio Conceição, somando um par de aparições falhadas, é "Tata" Martino que lhe tem mantido a confiança, ciente (como todos) do seu real valor e do sortilégio de um clique que resolva um jogo e lhe aumente a motivação.
A gestão das expectativas, face aos desequilíbrios do mercado, é hoje um dos grandes desafios dos grandes jogadores. No reino da especulação, o futebol que têm nos pés pode ser um negócio falhado que se paga caro.
Com a aproximação da janela das transferências de inverno, começam a aparecer as notícias que dão conta do interesse deste e daquele clube, neste ou em determinado jogador. O FC Porto não é alheio à parada nupcial e a falta de liquidez pode aguçar o engenho, aumentando a tentação e as probabilidades de venda.
Luis Díaz, avaliado pelo Transfermarkt em "míseros" 25 milhões, anda nas bocas do mundo pela exuberância e qualidade do futebol que apresenta, consistentemente, após a Copa América. Na etiqueta lê-se: 80 milhões. Mas a percentagem das probabilidades da época ser bem sucedida baixa a pique se equacionarmos a sua ausência. Não pode ser janeiro, o mês em que nos pagam o preço para ficarmos mais longe de sermos campeões. Em mês de eleições, voto popular, Díaz já ganhou.
Fazer das forças fraquezas
Hoje decide-se o apuramento direto da seleção portuguesa para o Mundial do Catar e o aquecimento competitivo para o jogo decisivo não podia ter sido pior. Não só o resultado na República da Irlanda deixou dois pontos "obrigatórios" para trás, como a exibição foi paupérrima pelo que a equipa (não) conseguiu colocar em campo. Tudo se agrava se tivermos a noção do real e atual valor da seleção irlandesa, completamente banal e desinteressante, longe dos tempos onde até apresentava outras e melhores soluções de jogo.
Jogamos mais fraco naquilo que eles são mais fortes. O jogo português foi para além de medíocre, não apresentando qualquer ideia no jogo senão a de se bater fisicamente pelos duelos individuais, perdendo a maioria para o adversário, espicaçado ao ver a seleção portuguesa a querer dar luta e a jogar argumentos precisamente na força e virtude do seu "irish game". Com esta abordagem, a anulação das nossas virtudes e de tudo aquilo que temem os nossos adversários fisicamente mais fortes: técnica, inteligência e repentismo.
Com a seleção sérvia tudo poderá e deverá ser diferente, a começar por boa parte dos protagonistas iniciais de jogo. Mas, também aí, a ausência de Pepe. No derradeiro jogo do grupo e quando o empate de nada vale à Sérvia (obrigada a marcar), Pepe seria meio caminho andado para a inviolabilidade das nossas redes. Felizmente, aparenta regressar apto ao Dragão para os primeiros treinos da semana.