APITADELAS - Opinião de Jorge Coroado
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É possível, de modo assertivo e efetivo dotar a arbitragem de qualidade e competência, transmitir conhecimento. É possível fazer sentir aos árbitros que, apesar do arbítrio consignado na Lei V das Leis do Jogo, têm obrigação intrínseca em compreender, interpretar e aplicar as regras, cumprindo e fazendo cumprir com rigor os ditames das mesmas, porém com bom-senso.
Bom-senso dedicado à preservação do espetáculo sem descurar noção absoluta de se tratar de modalidade desportiva, logo física e dinâmica, onde os movimentos não são lineares, o equilíbrio ou procura dele depende das circunstâncias do momento (não, futebol não é atletismo, uma corrida) e o contacto, quase permanente, seja na procura da bola ou para evitar o adversário de a conquistar, exige vigor e determinação.
Sim, é possível ensinar aos árbitros que as regras que aplicam são destinadas a conferirem confiança aos executantes, também aos amantes da modalidade, não são estanques, isoladas, valendo cada uma por si. Sim, é possível elucidar os árbitros que sendo a modalidade praticada por seres humanos, estes, face às suas características, ergonomia e mobilidade, usam os membros superiores para equilibrarem a verticalidade do corpo e, em determinadas circunstâncias, de modo mecânico, logo natural, tentarem vencer a força da gravidade.
É igualmente possível elucidar árbitros como Srs. João Pinheiro ou Rui Costa, Hélder Malheiro ou Manuel Mota (exemplos mais recentes) da existência de jogadores aproveitadores da força da gravidade, mas é preciso que quem ensina alguma vez tenha sabido e possua capacidade pedagógica, não seja, só, oportunista da modalidade e do setor.
Não é só cá
Não é só cá que vemos decisões derivadas de más interpretações. Sem quaisquer sentimentos de patriotismo bacoco menos ainda de preferências clubísticas, não é difícil reconhecer e dizer que a arbitragem de François Letexier, em Ibrox Stadium, no jogo Rangers vs. Braga, foi aquilo que, de modo erudito para não ferir suscetibilidades, podemos apelidar e considerar de "conveniente localmente". O penálti assinalado aos 42", foi um ajoelhar de Roofe em época pascal com bênção celestial do árbitro. O único momento de árbitro ocorreu quando expulsou Iuri Medeiros.
Pena de morte
Há gente que ainda vive no tempo das cavernas. Não se admite que trogloditas joguem ou presenciem um jogo de futebol. Representam o mais execrável da sociedade. São, naturalmente, todos aqueles que, incapazes de respeitar autoridade do árbitro ou superioridade do adversário, agridem e violentam gratuitamente. Impõe-se punição exemplar, nos limites da Lei, mas respeitando Magna Carta e princípios humanistas da República. Pugnar por irradiação é exprimir idêntica violência. É pugnar pela "pena de morte" quando Portugal foi pioneiro na abolição da pena de morte.