PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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1 - Querer muito ganhar nem sempre faz com que se ganhe. Mas quando se quer ganhar mais do que o adversário, as chances são francamente melhores. E se em Vizela tínhamos assistido a um Vitória amorfo, indolente, sem garra e vontade de ser feliz, ontem tivemos tudo isso em dobro, ou em triplo. Numa frase: quisemos ganhar mais do que eles.
Se esta equipa mantiver este espírito, esta época ainda pode ser salva. Vamos a isso?
E quando assim é, das fraquezas fazem-se forças e resiste-se a tudo. A um golo sofrido a frio depois de uma primeira parte sólida sem conceder nada ao rival. A jogar mais de meia hora com menos um elemento. A uma arbitragem fraquíssima, que prejudicou o espetáculo e quem mais queria ganhar o jogo e que desencantou uma expulsão injusta. Se esta equipa demonstrasse esta alma em todos os jogos, estaríamos lá em cima. E se esta equipa mantiver este espírito, esta época ainda pode muito bem ser salva. Vamos a isso?
2 - À meia noite do dia 1 de fevereiro, depois de horas do habitual frenesim vivido nos clubes e nas redações, fechou finalmente o mercado de inverno de 2022.
Hora, por isso, de fazer a avaliação de como correram as coisas pelas bandas vimaranenses. O grande destaque, como não podia deixar de ser, foi a transferência de Marcus Edwards para o Sporting. Antes de mais, importa dizer que, atendendo ao percurso do jogador e às nossas necessidades, esta transferência era uma inevitabilidade. Ora, essa inevitabilidade poderia perfeitamente conduzir a um mau negócio para a nossa parte.
Felizmente, não foi assim. Os valores envolvidos foram substanciais; Bruno Gaspar regressou à casa onde melhor expressou a sua qualidade; chegou ainda uma jovem promessa moçambicana e para o ano chegará Gonzalo Plata ou jogadores de valor equivalente. Sendo óbvio que a saída do inglês nos desfalca no ataque, acabou por ser um bom negócio para o Vitória.
Mas houve mais saídas. Sacko, cuja gestão de carreira esta época foi, no mínimo, estranha, acaba por ser emprestado ao último classificado do campeonato francês, sem opção de compra. As razões pelas quais deixou subitamente de contar nunca foram bem explicadas nem compreendidas.
Já André André, esse, contou com a compreensão da Direção. Na fase em que se encontra a sua carreira, é sabido que certas propostas não podem ser ignoradas, pois a vida de futebolista é curta. A sua dedicação ao Vitória foi reconhecida, e bem, diga-se.
As piores notícias do mercado, contudo, não vieram das saídas mas das não entradas. Já toda a gente tinha percebido que a nossa grande carência se encontrava no centro da defesa. É por isso muito frustrante que se tenha chegado ao fim do mercado e ninguém tenha entrado. Vários nomes foram falados, revelando que a lacuna estava perfeitamente identificada e que acabou por não ser preenchida. Segundo se diz, foram dificuldades burocráticas de última hora que inviabilizaram a vinda do tal reforço. Nunca hei de entender por que é que os clubes (todos eles) com tanto tempo disponível para planear, identificar e contratar, deixam sempre tudo para a última hora, sujeitando-se a acidentes como este.