PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro.
Corpo do artigo
Numa recente conversa com estudiosos da história do SC Braga, pareceu unânime a opinião de que os dois presidentes mais impactantes no percurso da coletividade foram José Antunes Guimarães, meu avô, e António Salvador, atual presidente do clube e da SAD.
A ausência de vitórias começa a preocupar. Agora cada vez é menor a margem de erro e, por isso, a vitória no próximo jogo contra o Tondela é o único resultado admissível
O primeiro porque conseguiu no seu mandato (1944/48) fazer subir o clube à 1ª Divisão, afirmando-o e consagrando-o como um clube de dimensão nacional. Além disso, após a sua presidência, o Braga ganhou definitivamente a cidade e tornou-se o seu clube mais representativo, adquirindo o direito de fazer do Estádio 1º de Maio (cuja construção se iniciou no seu mandato e que foi inaugurado em 1950) a sua casa permanente. Por seu lado, Salvador deu ao SC Braga a sua dimensão europeia e internacional. No seu mandato, o Braga é um habitual frequentador das provas europeias, quase sempre com performances bem satisfatórias.
Salvador sabe bem da importância para o clube da presença nestas provas europeias, não só pela valorização dos jogadores, mas também pela possibilidade de aumentar o número de adeptos (principalmente entre os mais jovens) e pela importância de se cimentar, no panorama nacional, como um clube que luta pelos lugares cimeiros do futebol português. Daí que se compreenda bem as suas palavras, duras e críticas, no início da viagem para Belgrado. Um Braga europeu tem que ter um elevado grau de exigência competitiva permanente, tendo pouquíssima margem para erros e deslizes (que, sabemos bem, acontecem de vez em quando). Mas as palavras de Salvador parecem ter tido o efeito contrário ao pretendido. A derrota com o Estrela Vermelha, uma equipa cujo plantel é - diga-se sem rodeios - inferior ao do SC Braga, veio evidenciar todas as dificuldades que têm vindo a ser sentidas: a principal, que se traduz na dificuldade em definir os lances de finalização, com muitos remates, mas pouco proveito, mas também alguma apatia no desenvolvimento dos lances ofensivos, com uma equipa algo conservadora e a arriscar pouco.
A forma como se perdeu o jogo de quinta-feira foi algo inacreditável: depois de uma primeira parte em que tivemos o controlo das operações, fomos paulatinamente perdendo chama, perdendo a iniciativa e perdendo o controlo do jogo, ao ponto de perder o controlo emocional no inacreditável lance de Tormena, a cometer uma grande penalidade totalmente infantil e escusada. Uma derrota que, sem dúvida, potencia um estado de pré-crise, mas que, apesar de tudo, não apaga a inegável qualidade do plantel e da equipa técnica. No entanto, a ausência de vitórias começa a preocupar. Agora cada vez é menor a margem de erro e, por isso, a vitória no próximo jogo contra o Tondela é o único resultado admissível.