PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Uma opinião de José João Torrinha
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1 - Há alturas em que, quando nos sentamos para escrever este texto, temos de fazer um esforço para encontrar tema, tal a míngua de acontecimentos com interesse para falar. Ao contrário, outras há em que tanta coisa acontece que a dificuldade é fazer caber tudo na crónica.
Foi assim esta semana, que começou da pior maneira com a derrota em Moreira de Cónegos. A história do Vitória na Taça com o Moreirense ameaça tornar-se uma verdadeira maldição. Com uma presença impactante de adeptos vitorianos (mais uma), desta partida ficam duas lições. Por um lado, ficou claro que a equipa vitoriana ainda não está num estado de maturação que lhe permita fazer uma rodagem de jogadores sem que com isso pague um preço alto. Por outro lado, fica igualmente à vista a necessidade cada vez mais visível de reforçar cirurgicamente o plantel, como aqui já temos referido.
2 - A semana prosseguiu com uma decisão por parte do TAD que considero ser de grande relevância. Antes de mais, o que diz esse acórdão arbitral? Que, no chamado caso "Marega", não houve, por parte do Vitória Sport Clube, qualquer promoção, consentimento ou tolerância para com determinados comportamentos de alguns adeptos. Foi uma vitória para o nosso clube. A aplicação de uma pena ou sanção não pode prescindir de se demonstrar que existiu culpa por parte do visado. No caso, não se provou nenhuma atitude censurável por parte do clube. Seria profundamente injusto que se entendesse de forma diferente, aplicando-se uma pena sem culpa e assim se acabando por fazer expiar uma culpa coletiva que pura e simplesmente não existiu nem pode existir.
É uma decisão importante para o futuro, devendo constituir um estímulo para que, nos tempos que vêm, a todos os níveis, se separe o trigo do joio e não se lancem anátemas sobre um clube no seu todo ou sobre os seus adeptos, que estes, na sua esmagadora maioria, não merecem. Este deve ser um desígnio de todos: dos clubes, mas também dos adeptos, que devem ser cada mais exigentes para com aqueles que com eles partilham as bancadas.
3 - Finalmente, pudemos todos assistir, mais para o final da semana, à enésima incursão de equipas do Ministério Público e órgãos de polícia criminal nas instalações de clubes desportivos, desta vez também nas do Vitória. Não se conhecem, naturalmente, muitos pormenores sobre os factos que estão na base destas investigações, mas, como é evidente, ninguém gosta de ver o nome do seu clube envolvido em situações como esta. O que esperar, então? Que tudo se apure e de forma rápida.
Neste momento, em que pouco se conhece, é prematuro tirar quaisquer conclusões com caráter de definitividade, pelo que devemos todos evitar lançar qualquer tipo de labéu sobre dirigentes vitorianos e esperar serenamente que as investigações sejam concluídas e que no final se possa concluir que no nosso clube nada de errado se passou.