PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro
Corpo do artigo
E, de repente, numa semana, as coisas mudaram. Os adeptos bracarenses, habituados aos sucessivos jogos vitoriosos neste início de época, tiveram que enfrentar duas derrotas seguidas. Mas foram duas derrotas com características distintas.
Contra os portistas, o SC Braga não fez um mau jogo, ou melhor, fez uma segunda parte bem razoável, mas, como já escrevi, não teve a sorte do jogo, pois as incidências não lhe foram favoráveis (sofrer dois golos seguidos, um terceiro golo quando estava por cima do jogo e até já tinha encurtado as distâncias, etc...). No entanto, no jogo europeu contra os belgas do Saint Gilloise, o SC Braga teve uma prestação bem abaixo daquilo a que Artur Jorge nos habitou. O treinador confessou que não estava à espera de uma equipa a jogar num bloco tão baixo, concluindo daí que o Saint Gilloise veio jogar para o empate e que o Braga foi a única equipa que jogou para vencer.
Desta vez, discordo do treinador. Os belgas fizeram um trabalho de casa excecional e perceberam bem como poderiam vencer os bracarenses. O bloco baixo foi um vírus para o qual os bracarenses não encontraram anticorpos. E foi a forma dos belgas criarem oportunidades junto da baliza de Matheus, com alguma facilidade, principalmente na primeira parte. Os dados confirmam isto mesmo: foi o jogo, desta época, em que o Braga fez menos remates (9 remates contra a média de 16), e com uma maior média de perdas de bola (115 para uma média de 105). Aliás, foi nas perdas de bola dos jogadores bracarenses que os belgas apostaram, conseguindo, com rapidez, saídas para o ataque com um surpreendente desdobramento de jogadores e fluidez nos processos, colocando sérias dificuldades ao meio-campo e defesa bracarenses.
Resta perceber o que pode ser feito para recuperarmos na Bélgica os pontos perdidos em casa. Antes disso, temos o jogo de hoje, contra a aguerrida e competente equipa do Chaves, importantíssimo não só pelos pontos, mas para a reposição dos índices de confiança. E cabe-nos a nós, adeptos, unirmo-nos com a equipa no seu esforço, demonstrando que também somos adeptos merecedores de uma equipa que queremos vitoriosa, mas que por vezes também perde. É fácil ser-se adepto nas vitórias e batermos palmas; mas é nos momentos de derrota que os adeptos se conseguem, verdadeiramente, afirmar. Todos ao estádio!