PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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"Vocês já viram a nossa defesa na segunda parte?". A frase é de Moreno e fazia referência a seis miúdos, um com 22 anos (Celton), outro com 21 (Zé Carlos) e quatro com 20 (Tounkara, Bamba, Amaro e Hélder Sá).
Ali há de tudo: o produto das nossas escolas, o scouting (além-fronteiras e mercado interno) e a atenção que devemos sempre devotar aos excedentários de outros clubes.
Excluindo o caso de Zé Carlos (que veio diretamente do Varzim para a primeira equipa) todos os outros têm uma coisa em comum. E essa coisa chama-se equipa B. O que teria sido deles se o Vitória não tivesse uma? E aí é justo dizer que provavelmente não estariam por cá. Uns estariam emprestados a outros clubes (onde podiam evoluir favoravelmente ou não), outros tantos nunca teriam vindo sequer para o Vitória.
Quando o Vitória decidiu criar a equipa B, a altura era tudo menos propícia. O clube estava financeiramente em muito maus lençóis e do que menos precisava era de inventar nova despesa. Na altura, houve o rasgo de ver além do curto prazo e de olhar para o dinheiro que saía como um investimento e não como uma despesa. O investimento foi largamente compensado. Ao longo dos anos, a equipa B andou pela segunda liga, desceu, subiu e voltou a descer e agora milita na Liga 3. Em termos de patamar competitivo, sobretudo depois de a Liga 3 ganhar o estatuto que ganhou, não me parece que seja particularmente relevante estar numa ou noutra divisão.
Dito isto, descer a outro patamar competitivo seria muito mau, uma vez que o Campeonato de Portugal não tem níveis de qualidade adequados à evolução dos nossos jovens. Por isso, é bom que na Unidade as campainhas estejam todas a tocar. A performance da equipa tem estado muito abaixo do desejável (ontem foi apenas mais um mau dia) e o perigo de descida é real.
A mudança na equipa técnica indicia que a Direção está preocupada e é bom que medidas sejam tomadas para evitar o pior. Era também bom que a Direção refletisse sobre a extinção da equipa de Sub-23. Limpa que seja a casa dos excessos cometidos no passado, era bom reconhecer que muitos jogadores precisam desse patamar competitivo para evoluir. O seu regresso seria, tal como no passado com a equipa B, mais do que um custo, um investimento.