PLANETA DO FUTEBOL - Opinião de Luís Freitas Lobo.
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1 - Regressa o campeonato. Cada época, ambições renovadas. Suspensas pelo mercado, as três primeiras jornadas parecem ainda à margem da época. Mais do que os reforços, os treinadores temem as saídas que esburaquem a equipa.
A busca pelos jogadores decisivos não é fácil para todos os níveis de equipas. Muitos jogadores chegam e percebe-se que podem ser importantes (as tais mais-valias), têm habilidade e até criam perigo, mas depois, no momento decisivo, não são na maioria das vezes capazes, por falta de critério a tomar a melhor opção ou execução técnica, de finalizar a jogada. São promessas de craque! Estes, os verdadeiros, são aqueles que nesse momento não falham.
A busca pelos jogadores decisivos não é fácil para todos os níveis de equipas. Muitos jogadores chegam e percebe-se que podem ser importantes (as tais mais-valias), têm habilidade e até criam perigo, mas depois, no momento decisivo, não são na maioria das vezes capazes, por falta de critério a tomar a melhor opção ou execução técnica, de finalizar a jogada. São promessas de craque! Estes, os verdadeiros, são aqueles que nesse momento não falham.
Por isso, lia há tempos Tostão, velha glória do futebol brasileiro, dizer (e se alguém tem autoridade para falar deste nível de jogadores é ele e gente dessa casta) que o verdadeiro craque não parece, é!
2 - O craque é aquele que antecipa as jogadas, sabe antes dos outros o que vai acontecer. E executa com técnica, em conformidade. Podem perguntar, como é que ele sabe antes? Pois, sabendo, diria Tostão. Não procurem muitas explicações teóricas ou de treino. Quase sempre a explicação está em algo invisível num saber que antecede o pensamento e execução. Vejam o golo/execução do Di María na Supertaça. Aquilo é uma inteligência espacial sem preparação prévia consciente. A bola chega-lhe dum ressalto ou interceção improvável e ele sabe logo o que fazer mas, curtos milésimos antes, ele nem sabia que... sabia (nem imaginava que aquilo ia surgir). Complicado? Não. Vejam outra vez. Onde outros, nas mesmas circunstâncias (ou até com mais tempo) falham, o que Di María fez (da receção ao remate). Tudo simples. Demasiado simples. Porque não parece craque, é.
3 - Gyokeres personifica uma mudança de paradigma no jogo ofensivo de Amorim. Um "homo-sapiens nº9" de verdade que em vez de jogar em apoios (a melhor expressão de Paulinho) joga virado para a baliza, na profundidade para chocar ou no espaço curto para encostar. Um físico de técnica musculada. O resto do mundo ofensivo verde de segundos avançados (de Pote a Trincão e Edwards) tem de adaptar-se a esta nova espécie futebolística a viver no mesmo território onde antes não encontravam alguém assim tão diferente.
Nico González ainda pode ser um mistério para o comum dos adeptos mas quem o conhece sabe que está ali um dos melhores médios a nível de último passe que podia encontrar-se sem os gigantes europeus repararem antes. Conceição referiu que ainda no "período de sofrimento de adaptação". Ok, podem torná-lo (também) num soldado a recuar para defender mas o mais importante, o que o faz craque, já vem com ele de origem. Isso não vai aprender. Ele já sabe, sabendo.
Esqueçam a mulher de César. Craque: não basta parecer, é preciso ser!
Diferentes campeonatos numa classificação
Dois treinadores estreantes na I Liga e seis equipas mudaram de comando. O campeonato lança novos dados mas não prevejo inovações táticas. Das equipas ditas médias-pequenas, é difícil prever qual será a sensação como nas duas épocas anteriores foram Gil Vicente e Arouca, os "quintos surpresa".
Voltam a sair e entrar muitos jogadores neste tipo de equipas que vendem grandes fatias do seu onze base. O Gil volta a fazê-lo mesmo após já ter desmembrado na época anterior o onze europeu (e cair na tabela). Sei que é inevitável financeiramente mas devia-nos fazer pensar mais porque as diferenças aumentam entre os "diferentes campeonatos" que a classificação rapidamente forma após poucas jornadas.
Gostei, no entanto, de ver o mercado do Arouca e como está a integrar os novos reforços de casta espanhola. Sem mitos de adaptação, chegam e jogam. Daniel Ramos é um treinador realista que mesmo passando a jogar com dois pontas-de-lança consegue ao mesmo tempo reforçar a defesa. É a última hipótese duma quinta equipa europeia portuguesa. Uma missão quase surreal, mas se existe local onde isso pode suceder no futebol português arrisco dizer que é ali, em Arouca, onde tudo é possível e de cada vez que lá vou acho que voltei aos anos 80. Para o bem e para o mal. O nosso futebol!