Gostem ou não os políticos, o presidente do Comité Olímpico é a mais alta figura desportiva de um país, depois do ministro da tutela. Não são os presidentes dos três grandes clubes, nem o da Federação Portuguesa de Futebol.
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Tenho de confessar não ter reparado que António Costa, enquanto Primeiro-Ministro, nunca reuniu com o Comité Olímpico de Portugal (COP). Será um erro meu, mas também não é uma função jornalística comum analisar as presenças em reuniões. Mas é estranho - até porque em 2013 esteve na tomada de posse de José Manuel Constantino, sendo na altura presidente da Câmara de Lisboa -, assim como é difícil de entender que Ana Catarina Mendes, ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, também não compareça a eventos do COP e até Carlos Moedas, o atual edil da capital, tente delegar essas tarefas para um vereador.
Gostem ou não os políticos, o presidente do Comité Olímpico é a mais alta figura desportiva de um país, depois do ministro da tutela. Não são os presidentes dos três grandes clubes, nem o da Federação Portuguesa de Futebol.
Em Portugal, José Manuel Constantino consegue ser mais do que isso. É, provavelmente, a pessoa que mais percebe de Desporto - esta é uma opinião pessoal, mas baseada em factos -, tendo atualmente a seu lado uma série de profissionais competentes, como Marco Alves, chefe da Missão aos Jogos Olímpicos. E saber muito, não tendo problemas em o dizer, acaba por se tornar incómodo. Sobretudo quando por parte da classe política a ignorância é a regra, atualmente com uma rara exceção: João Paulo Correia tem-se revelado um excelente secretário de Estado do Desporto.
Não sei se é esse incómodo que leva Costa, Moedas e outros a evitar Constantino. Sei é que o país fica a perder com isso, como ficou a perder com a indiferença dos partidos em relação às propostas para desenvolvimento do desporto que todas as federações (e o COP) elaboraram durante a paragem da pandemia e depois lhes entregaram, em mão.
A opção política é sempre pelo caminho mais fácil e popular, como também hoje se percebeu, na reação governamental às críticas de Constantino, feitas numa entrevista à agência Lusa.
"Lamenta-se o tom que o Presidente do Comité Olímpico de Portugal dedica aos importantes passos dados pelo atual Governo ao nível da promoção da igualdade, da inclusão e da paridade de género no desporto, tratando estas questões como se de algo secundário se tratasse", escreve o gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, depois de o presidente do COP ter dito serem essas as grandes preocupações de Ana Catarina Mendes e notado que António Costa, não indo às iniciativas do COP, tem comparecido às do Comité Paralímpico.
Este exemplo é paradigmático. Sendo a igualdade de género e o apoio aos deficientes temas importantes, estamos todos de acordo, serão essas as maiores prioridades do Desporto português? Da parte da classe política - e não só do Governo -, realmente têm sido