PLANETA DO FUTEBOL - Uma análise de Luís Freitas Lobo
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1 - A dúvida no Benfica é mais sobre o onze. A dúvida no FC Porto é mais sobre a tática. Dois fatores que podem servir de ponto de partida para antever as duas equipas antes do clássico mas que, depois, escolhas feitas, ambos se cruzam nas opções de Schmidt e Conceição.
É ainda cedo na época para as duas equipas se medirem uma à outra para conseguir com isso adivinhar o que será a sua correlação de forças em fases mais adiantadas do campeonato, só que existem sinais deste clássico disputado no passado recente na Luz que suscitam desafios diferentes às equipas: a capacidade de afirmação de personalidade do FC Porto nestes jogos (com capacidade de pisar forte em pressão alta no campo do grande rival) e o Benfica ter capacidade de ser mais controlador no jogo além dos momentos em que está a atacar (ultrapassando a dificuldade revelada para ser taticamente mais forte a mandar no centro do jogo).
2 - Existe a tentação de relacionar este poder portista na Luz com questões emocionais mas penso que qualquer jogo vai sempre muito além disso (embora tal, o poder da mente, possa estar no princípio de tudo). Nesse fator, é um desafio de afirmação para este Benfica dentro do seu território. A forma de o fazer é impedir que a sala de máquinas de pressão portista se imponha ao seu meio-campo e colocar o jogo, quer a posse da bola como a reação à sua perda, em patamares de intensidade competitiva iguais ou superiores.
É onde entram as duas primeiras frases do texto. Sobre o onze do Benfica, penso na possível opção por Florentino para dar maior peso de equilíbrio e marcação pressionante ao meio-campo (libertando com isso, ao mesmo tempo, mais a equipa/alguns jogadores para atacar).
Considerando que João Neves é, neste momento, o seu melhor médio e mais completo a sair a jogar e no passe em qualquer zona (haverá algo que faça mal?), a questão, pensando no meio-campo habitualmente "a dois", está em poder sair desse seu 4x4x2 e, para juntar os três, jogar sem um nº9 de referência fixa (contra esta opção, há a memória tática da Supertaça).
3 - Sobre a tática do FC Porto, penso numa possível mudança de sistema para um 4x3x3 de raiz estrutural ou pela mobilidade dum jogador. É a já, nestes jogos, habitual necessidade do "terceiro médio" mas o que o último jogo deixou como possível é ele surgir mascarado de segundo avançado: Iván Jaime, quando recuou para ser quase nº8 de trás para frente lendo e conduzindo até ser nº10 (ou 9,5). Ou seja, em vez de esconder o terceiro médio vindo de fora (como falso ala), metê-lo com uma máscara no meio-campo do sistema.
Em suma: cada treinador tem uma identidade para dar à equipa mas a chave para ganhar pode estar num ponto específico que pode ser traduzido na ação diferente dum jogador dentro do plano geral de jogo.
Tática
- O 4x3x3 feito pelo segundo avançado recuado
- O 4x4x2 com um nº 6 mais equilibrador/fixo
Técnica
- O "come-metros" e passe de João Neves
- O esconde-aparece de Iván Jaime